ZOOMático
Olhar (a) Verde-água

Deparando-me com o já lido "Viver para contá-la", no cantinho de uma mesa, em posição periclitante e a pedir para ser arrumado na estante à beira dos seus semelhantes, decidi retomar aqui os fios das impressões de leituras, que deixei uns posts atrás.


Não, não vou falar do Sporting-Porto.
Toquem as trompetas! Soem os badalos dos sinos das aldeias, vilas e cidades do nosso Portugal! Abram-se as garrafas de Moet et Chandon e coloque-se a toalha de linho sobre a mesa!
Sentada na Sala Suggia da Casa da Música, na passada Sexta-feira, ouvindo a Orquestra Nacional do Porto, revivi, em acordes musicais, a verdade das palavras que ouvira, nessa mesma tarde, da voz de Paul Auster. Na cerimónia de entrega dos Prémios Príncipe de Astúrias 2006, o escritor americano agraciado com o galardão relativo às letras, aproveitou o ensejo para, no seu discurso, falar da arte.
A entrega do Anel do Pescador a Karol Wojtila, no dia 22 de Outubro de 1978, marca o início de um dos pontificados (o 265.º) mais relevantes da História. Não falarei do espírito ecuménico, das desculpas formais por acções e omissões da Igreja Católica (Inquisição e Holocausto, respectivamente), mas destaco sim o intenso trabalho de preparação para uma certa modernidade de uma das mais antigas, pesadas e viciadas instituições do mundo. Não uma modernidade em que a Igreja vendeu ou entrou em saldos quanto ao seu património ideológico. Muito pelo contrário: João Paulo II (Ratzinger?) foi dos pontífices mais intransigentes em questões de fé e de recusa à abertura que muitos movimentos católicos reformistas reclamam.

Assinala-se hoje o Dia do Ecumenismo. Encontrar pontes de diálogo e aspectos semelhantes entre religiões, mundividências, civilizações e políticas é hoje tarefa urgente e da qual depende a nossa sobrevivência como espécie. Ser ecuménico não é mostrarmo-nos preocupados falsamente com o que é díspar, mas procurar conhecer o que nos separa e o que nos aproxima. Só assim os povos podem respeitar-se. A História dá-nos grandes lições quanto a esta matéria e ensina-nos também que ninguém pode arvorar-se em dono do ecumenismo. Igreja Católica incluída, é certo. Como é ainda exacto que ela, mais do que outras e porventura com intuitos políticos, mais a tem pregado. Mas uma pregação sem frutos concretos é como uma fé sem obras. Aqui fica o convite à aceitação da diferença.
O sonho do infante (o infante D. Henrique no promontório de Sagres), pormenor, José Malhoa, 1907-1908, Museu Militar, Lisboa.
Aviso: Este é o 6.º capítulo de uma novela da vida moderna escrita a 4 mãos, entre mim e o filipelamas.



Num autocarro em Lisboa assisti, in loco, a uma pérola da nossa língua.
Um casal muito simpático, aí dos seus 17-18 anos, comentava:
-Olha, nunca sei se se diz «eu caibo» ou «eu cabo».
-Sim, não é fácil. «Eu cabo» soa mal, mas também não existe o verbo «caiber»... - replicou ele com ar professoral.
A primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo «caber» agradece.
Faz hoje 54 anos. Ele é Vladimir Vladimirovitch Putin.



Aviso: Este é o 5.º episódio de uma novela da vida moderna escrita a quatro mãos entre mim e a rtp.