domingo, outubro 08, 2006

Saramago Nobel



Há oito anos atrás, José Saramago inclinava-se perante o Rei da Suécia para receber o Prémio Nobel da Literatura. Portugal - e não Espanha, como por vezes se vocifera - passava a contar, depois de Egas Moniz, com mais um laureado. Goste-se ou não - e eu pessoalmente gosto muito -, Saramago é um escritor de entre os primeiros. Já as suas posições políticas e cívicas deixam, na minha opinião, muito a desejar. Se tem palavras acutilantes e que todos precisamos de ouvir, não pode Saramago querer tornar-se uma espécie de «reserva moral» quando apoiou (será que ainda apoia?) um ditador como Castro. Fidel ou Raul. Gunther Grass é um exemplo paradigmático da «décalage» entre a palavra e a acção.

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu leio Saramago e também gosto.

Não podemos confundir o homem com a sua obra. Quantos não são o espelho do que escreveram, esculpiram e comporam, ao longo da história da criação humana?

Todo o homem interveniente é polémico e vítima das suas crenças interiores.

Anónimo disse...

Eu leio e gosto muito da obra de José Saramago, embora continue a dizer que por mais temas e polémicas que traga,(penso ser já marca de markting, e que dela se aproveita)é um dos bons escritores portugueses para mim só não é o grande escritor dos nossos tempos porque o lugar é do Vergílio Ferreira.
No que concerne às opiniões e ideologia, concordo com o Filipe....é um senão.... que a democracia respeita

Anónimo disse...

Revejo-me na opinião da Toutinegra Futurista. Sobretudo no início, lia com prazer os livros de Saramago, mesmo não me identificando com as suas posições políticas. Ultimamente, o prazer, o assombro e o entusiasmo que me provocava a leitura de Saramago têm arrefecido um pouco... Julgo que, realmente, os compromissos editoriais não devem contribuir para aguçar o espírito criativo e artístico dos autores. Continuo, porém, a ler os «baixos», sempre à espera dos «altos», que também vão surgindo. A postura política do Saramago não constitui qualquer entrave, uma vez que o Saramago não se resume às afirmações políticas que vai fazendo.