quinta-feira, fevereiro 28, 2008

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Early Night Post (39)

Gustave Coubert, A falésia de Étretat depois da tormenta
"- (...) Sabe a história do homem a quem perguntaram por que andava ao longo da praia, depois de uma tempestade, devolvendo à água as estrelas do mar que a corrente arrastara para terra quando havia milhares delas que deviam morrer? Ele respondeu que o fazia porque as poucas que podia salvar voltariam para o mar e seriam felizes.
- Até à próxima tempestade, não era o que ia dizer, (...)?
- Não, mas talvez o pensasse. E interessa-me o facto de você estar a pensar do mesmo modo.
- Quer dizer que estou a pensar de modo mais realista (...)?
- Quero, sim, é isso mesmo. Mas já lhe disse muitas vezes que tem muito mais estrelas nos olhos do que lhe conviria para seu próprio bem."
Doris Lessing, O Sonho mais doce, Editorial presença, 2007, p. 292.

domingo, fevereiro 24, 2008

Juno

Com as sensações produzidas pelo filme "Juno" ainda por amortecer e com as suas singelas músicas a ecoar nos ouvidos - portanto, sem espaço (nem tempo, já agora!) para as palavras do merecido post que ele deverá suscitar - deixo aqui a canção "All I want is You" de Barry Louis Polisar do genérico.

"If I was a flower growing wild and free /All I'd want is you to be my sweet honey bee/ And if I was a tree growing tall and greeen/ All I'd want is you to shade me and be my leaves(...) All I want is you, will you be my bride/ Take me by the hand and stand by my side/ All I want is you, will you stay with me? Hold me in your arms and sway me like the sea. If you were a river in the mountains tall,The rumble of your water would be my call. If you were the winter, I know I'd be the snowJust as long as you were with me, let the cold winds blow (...) If you were a wink, I'd be a nodIf you were a seed, well I'd be a pod.If you were the floor, I'd wanna be the rug. And if you were a kiss, I know I'd be a hug. (...) If you were the wood, I'd be the fire.If you were the love, I'd be the desire. If you were a castle, I'd be your moat,And if you were an ocean, I'd learn to float.All I want is you, will you be my brideTake me by the hand and stand by my side All I want is you, will you stay with me? Hold me in your arms and sway me like the sea.(...)"

E já agora, porque toda a banda sonora é especial (e hesitei muito quanto ao que aqui devia postar), fica, também, a tocante "Anyone else but you" cantada pela protagonista Ellen Page (que bela interpretação!) e pelo actor Michael Cera: http://www.youtube.com/watch?v=nBDbUVXXp-U

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Porto de Vista Esclarecida (XXIII)

O filipelamas acertou! Parabéns!
Tratava-se, de facto, de uma fotografia do tecto de um átrio junto à entrada principal da Faculdade de Letras da Universidade do Porto!
A razão de ter escolhido esse pormenor foi precisamente a oposição entre a sua branca sobriedade e o policromatismo do edifício, em particular do seu exterior. Tentei, dessa forma - mas em vão - dificultar o desafio.
Não apreciando a estética do projecto arquitectónico em questão – e de que não consegui identificar o autor, por falta de tempo –, julgo que inconveniente maior é a falta de funcionalidade do edifício e a quantidade de "espaço" perdido na estrutura labiríntica.

Berlim: Uma Cidade, Dois Olhares




Ainda a propósito da exposição Berlim: Uma Cidade, Dois Olhares, aqui fica a correcção de que a mesma estará patente até ao dia 1/3/2008 e, para vos tentar ainda mais, deixo algumas das fotografias expostas, agradecendo ao Nuno Lago a sua disponibilização.

sábado, fevereiro 16, 2008

There Will Be Blood


É mesmo verdade que é excelente não termos todos os mesmos gostos, mas uma tão grande diferença já começa a preocupar…

There Will Be Blood (realização de Paul Thomas Anderson, 2007) está apontado como grande candidato ao Óscar de melhor filme e de melhor actor principal, entre outras categorias. Quanto a mim, imerecidamente.

O argumento é sofrível (do realizador, baseado no romance Oil, de Upton Sinclair); contar-se-ia num instante, sem necessidade de tantos minutos. É exacto que a representação de Daniel Day-Lewis é muito boa, contudo não a caracterizaria como surpreendente ou sublime, atenta uma certa homogeneidade de conteúdo e de expressões que podiam bem ser mais diversificadas tendo em conta a personagem construída. Ficou-me a impressão de que mais tempo de interiorização de um lunático explorador de poços de petróleo (Daniel Plainview) não teria sido prejudicial.

A fotografia não desmerece e a banda sonora tem o dom de criar momentos de «suspense», embora irrite aqui e além.

Mensagens de sempre: ganância, glória, a conquista do Oeste e a podridão que o vil metal pode infundir, os sentimentos cruzados, a religião como máscara de charlatanice, o aproveitamento do homem pelo homem…

Enfim, para tanta publicidade exigia-se, em meu entender, mais sumo (ou mais sangue…).

Sítio oficial: http://www.paramountvantage.com/blood/

New Beginning

A antecipar mais um recomeço de algumas actividades, aqui fica o New Beginning da inigualável Tracy Chapman, faixa incluída no CD homónimo, de 1995.



Em particular, retenho esta parte da letra:

We need to make new symbols

Make new signs
Make a new language
With these well define the world

É um belo desafio!

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

It`s all right

"It`s all right" dos promissores Marlango.

"There is choreography in traffic jams/ A weird poetry in people walking by / There is music in the streets / And harmony in machines / There's every thing I need to do / A little dance for me
(...)
And tigers also stop at traffic lights/ Tigers know their game/ But we are all so busy/ Thinking people look at us/ We miss the miracle in their eyes ..."

Porto de Vista (XXIII)

Exposição fotografia: Berlim - Nuno Lago e Luís Reina


Berlim: Uma Cidade, Dois Olhares

Espaço Moda e Arte Ana Santos
Rua Álvaro Castelões, 172 (junto ao mercado de Matosinhos e à ponte móvel de Leça)
2.ª a 6.ª das 10-13 h e 15-19,30 h
Sábados 10-13 h
De 9/2/2008 a 1/3/2008

Nuno Lago e Luís Reina convidam-nos para uma sensação única de desfrutar de um espaço bem decorado e com peças de vestuário pouco comuns à qual estes dois fotógrafos juntam diferentes mas complementares olhares sobre a bela cidade de Berlim.

Resultado de um desafio proposto por Luís Reina, já com algumas exposições no curriculum, a Nuno Lago, o resultado salda-se por um muito bem passado tempo em volta de recordações de uma cidade que teima em não fazer esquecer a longa noite nacional-socialista através de memoriais tocantes em locais emblemáticos como aquele em que os judeus eram empurrados para comboios do terror a caminho da morte mais cruel que homem algum já pôde desenhar para um seu semelhante.

Cidade de contrastes, também lá temos as belas e elegantes avenidas, os edifícios paradoxais, alimentados pela sanha persecutória e pela novidade de um Estado que se afirma na vanguarda dos direitos fundamentais.

Tudo isto com jogo de luzes e de texturas muito interessantes. Na verdade, digno de registo é que os autores imprimiram as fotografias directamente em PVC, técnica muito inusual entre nós.

Apenas a ideia de aliar a moda à fotografia, bem como a outras formas de arte, uma vez que o local exibe exposições ao longo de todo o ano (pintura, joalharia…), a que junta música e promete novidades para 2008, são motivos de sobra para que aconselhemos uma visita a este espaço único!

Na falta de uma foto dos autores (têm de passar por lá!), aqui fica uma da base de dados…

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Mares, Céus e Almas


«Outros Mares e Outros Céus, a Mesma Alma» (no prelo, Coimbra Editora) é a “última aula” de Jorge de Figueiredo Dias. Uma das peças de retórica mais belas e densas que já tive a oportunidade de ler, fazendo justiça ao autor, Manuel da Costa Andrade e ao homenageado.

Desfiando o percurso deste «caput scholae» por entre veredas da mais fina poesia de Horácio e Virgílio, embelezado por densas sínteses da obra do Mestre, vale mesmo a pena ler esta aula que, de tão inolvidável nos atira para a metáfora da amendoeira do profeta Jeremias que, perante uma Jerusalém sitiada e triste, proclama as flores de Inverno, invocando a protecção divina para o Professor. Oxalá!

Duas palavrinhas


Justiça: «Não a [Justiça] que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais exacto e rigoroso sinónimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo.»

Globalização: «(…) se não interviermos a tempo, isto é, já, o rato dos direitos humanos acabará por ser implacavelmente devorado pelo gato da globalização económica.»

José Saramago, «Este mundo da injustiça globalizada», Fórum Económico Mundial, 18/3/2002.

Porto de vista Esclarecida (XXII)

E como já vem sendo hábito, o Duarte acertou no último "Porto de Vista"!
A fotografia retratava uma das estátuas que encimam a imponente Igreja da Lapa construída entre 1755 e 1863.
Sem tempo para pesquisar, apenas deixo aqui a referência a três pormenores mais salientes..
O coração de D. Pedro - que aqui assistia à missa dominical durante o cerco do Porto - encontra-se, na capela-mor, num cofre tumular feito de granito retirado das fortificações construídas para resistir à investida miguelista.
No interior da Igreja, ampla e de uma só nave, destaca-se um órgão romântico alemão.
No cemitério contíguo estão depositados os restos mortais do escritor Camilo Castelo Branco.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Borla da semana (I)

Num tempo em que ninguém dá nada a ninguém, propomo-nos trazer-vos coisas "grates". Verdadeiro serviço público pelo qual nos candidatamos ao Nobel (parece que se lê "Nóbel"...) qual tipo indiano que descobriu (?) o micro-crédito.

Eis, pois, a bem da cultura, que o governo brasileiro (não podia ser o português...) disponibiliza, em livre acesso, música clássica e obras intemporais como "A divina comédia", "Romeu e Julieta", "MacBeth", "Dom Quixote", "Cândido" e tantos outros génios da literatura.

É só aceder em

http://www.dominiopublico.gov.br

Boas músicas e boas leituras a custo zero!

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Nos 400 anos de Vieira


"Para falar ao vento bastam palavras; para falar ao coração são necessárias obras."

Um excelente mote para a vida que não é só uma verdade cristã, mas uma premência do ser humano se relacionar com os outros, não somente como parte de uma ética com ou sem qualquer fundo religioso, mas sobretudo como necessidade (mesmo egoísta) de nos irmos a todos suportando. E que doce pode ser esse suportar. É curioso, há palavras pesadas como esta: «suportar». Contudo, dita em som melodioso ela transforma-se em pluma. Mais: se nos lembrarmos que «suportar» também é estar próximo, sustentar outrem de quem se gosta, então a palavra recobre-se de tons mais alegres. Sim, as palavras (como as obras) são o que delas quisermos fazer.