"- (...) Sabe a história do homem a quem perguntaram por que andava ao longo da praia, depois de uma tempestade, devolvendo à água as estrelas do mar que a corrente arrastara para terra quando havia milhares delas que deviam morrer? Ele respondeu que o fazia porque as poucas que podia salvar voltariam para o mar e seriam felizes.
- Até à próxima tempestade, não era o que ia dizer, (...)?
- Não, mas talvez o pensasse. E interessa-me o facto de você estar a pensar do mesmo modo.
- Quer dizer que estou a pensar de modo mais realista (...)?
- Quero, sim, é isso mesmo. Mas já lhe disse muitas vezes que tem muito mais estrelas nos olhos do que lhe conviria para seu próprio bem."
Doris Lessing, O Sonho mais doce, Editorial presença, 2007, p. 292.
4 comentários:
Ora aí está o mais recente Nobel da Literatura...
Pois � verdade!
Foi com muito gosto que li "O sonho mais doce" de Doris Lessing.
Retrata (com um cr�tica acerada) os anos 60, 70 e 80, � medida que vai contando a estranha hist�ria de uma fam�lia at�pica.
Uma das coisa que mais me agradou no livro foi a mensagem subjacente a toda a narrativa e que de alguma forma est� presente na passagem citada: apesar de uma certa desilus�o com a humanidade e com os repetidos erros da hist�ria, resta (deve restar) a esperan�a de felicidade - sempre assente num empenho permanente em alcan�-la apesar das tempestades.
FIquei com vontade de ler :)
Vale bem a pena salvar ao menos uma!
Enviar um comentário