sábado, junho 30, 2007

quinta-feira, junho 28, 2007

Volutas de humo

À propos, deixo, hoje, aqui um vídeo interessante acompanhando o poema "Volutas de humo" de Salvador Angel Molinari. Estas intensas e curiosas palavras sobre o "encanto fatal" do tabaco encontram-se muito bem recitadas no álbum "City Zen" de um repetente aqui no blog, Kevin Johansen!

Para contrabalançar um aparente teor filotabagista deste post convém recordar que: fumar provoca sérias dificuldades na consulta do T&L.

Porto de Vista Esclarecida (XV)

O domingonomundo acertou! Trata-se de um pormenor do terraço trapezoidal escavado num dos vértices da Casa da Música. Acessível através do Restaurante Kool, este ponto, no último piso da Casa da Música oferece uma interessante perspectiva sobre parte da cidade do Porto. (Aqui fica uma foto do terraço e não a da vista sobre a Rotunda da Boavista pois tendo sido tirada à noite e com fraca luminosidade, não faz jus à qualidade da perspectiva).
Este Porto de Vista foi colocado oportunamente para me proporcionar o ensejo de assinalar o facto de aquele (discutido) trabalho de Rem Koolhaas ter sido agraciado, conjuntamente com mais doze projectos, pela Royal Institute of British Architects (RIBA) com o seu Prémio Europeu para 2007.
Deixo aqui, também, a imagem da Casa da Música que consta do site do RIBA (http://www.riba.org/). Aí podem ser vistos os diversos edifícios contemplados com as várias categorias de prémios. Destaco o dos Law Courts em Antuérpia.

quarta-feira, junho 27, 2007

Porto de Vista (XV)

Balla - O fim da luta

E porque o terceiro Best-of não está (nem pode ser) esquecido, aqui deixo "O fim da luta" d`"A grande mentira" de Armando Teixeira, quer dizer do projecto "Balla"...

By the way, alguém me sabe explicar como se pode postar uma música em mp3? Ouvi há um par de semanas uma preciosidade e, queria colocá-la aqui no blog... Mas não sei como proceder!

Early Night Post (30)


"(...) - Vêem-no? Estão a ver-lhe a história? Vêem alguma coisa? Até parece que estou a tentar convencer-vos de um sonho – tentativa inútil porque um relato de o sonho não transmite a sensação-sonho, aquele emaranhado de absurdos e surpresas, o desespero da angústia de sermos aprisionados, a sensação de sermos presas do inacreditável que é verdadeira essência dos sonhos ...
Fez um instante de silêncio.
- ... não, é impossível; é impossível transmitir a sensação-vida de uma época que vivemos – aquilo que constrói as suas verdades, o seu significado – a sua penetrante e subtil essência. É impossível. Vivemos como sonhamos – sós ... "

Joseph Conrad, "O coração das Trevas", Editorial Estampa, p. 51

* Aproveito o ensejo para sublinhar a grande qualidade da peça baseada no conto de Conrad “An Outpost of Progress” que bebe a inspiração no livro que acabo de citar, apresentada, pelas Visões Úteis em parceria com o Teatro Nacional de S.João, no Teatro Carlos Alberto. Por causa da magnífica "A frente do Progresso" (com encenação e interpretações notáveis) comprei e li o poderoso "O coração das trevas".

sexta-feira, junho 22, 2007

Se

Se eu hoje morresse,
o mundo ficaria igual.
Nada de parangonas nos jornais,
nem bandeiras a meia-haste,
caras públicas pesarosas,
lutos nacionais decretados.

Se eu hoje morrer,
apenas Tu sentirás que parto.
Somente Tu acharás que uma parte
de ti aspirou e regressou ao Infinito.
Só Tu me recordarás perante os outros,
assegurando o estrito cumprimento
do legado que Te confiei:
de jamais a memória da minha Luz
se apagar num espaço de Trevas.

Quando eu hoje morrer,
não será o sangue que deixará de correr.
Serão antes colibris mil colores
que esvoaçarão em bandos
para terras mais quentes, mais favoráveis.
Quentes? Talvez mais frias, ao invés.
O calor sempre me confundiu.
Com o frio pensava melhor,
tinha mais consciência e controlo
sobre mim.
Sim. Serão então pássaros do frio
que desenharás na minha pedra tumular.

Se eu hoje morresse,
queria que do epitáfio constasse:
«Àquele a quem viver foi um misto de fardo
e de leveza de uma pena».
Assim me recordarias:
jogo de contrastes, palavras de conflito,
palavras de paz, gestos de desmando,
gritos de raiva, adultérios de prazer.

Mas se eu viver,
mais um dia que seja,
então vou renascer e de Fénix
fazer Vida, Felicidade e Paz.
(Risos. Altos. Sonoros. Estridentes.)
– Quem estou a enganar?
Se eu não morrer hoje
tudo ficará como sempre;
ver-me-ás de idêntica forma
reflectido na expressão do teu sorriso.

– Donde, Vida ou Morte?
Que venhas Tu! Que escolhas!

F.L.

domingo, junho 17, 2007

Dicionário Alternativo

Recolhida do já famoso fornense, aqui fica, para mais um desafio, a palavra: "aburricar"

Perdidamente


Hoje queria postar a música da Ala dos Namorados "Os loucos de Lisboa". Em especial pela alusão à capital, mas também porque gostava daquele projecto musical, entretanto extinto e aprecio em particular a música em questão.
À falta no youtube dessa canção com melodia de João Gil e letra de João Monge, aqui fica uma belíssima música "Perdidamente", com melodia do mesmo compositor, mas com as palavras da grande Florbela Espanca, cantadas por Nuno Guerreiro e por Sara Tavares.

Porto de Vista esclarecida (XIV)


JG adivinhou! Parabéns!! Trata-se de uma das muitas palavras que decoram o "Café das Artes" localizado no topo do edifício de Teatro do Campo Alegre.

Aproveito o ensejo para destacar o TCA como importante pólo da cultura do Norte. Para além do teatro, com os apreciáveis espectáculos levados à cena pela Seiva Trupe - Teatro Vivo, companhia residente, e por outras companhias que aí vão sendo acolhidas – vide, por exemplo, e ainda há pouco tempo no âmbito do FITEI – aí há espaço para outras formas de arte: em particular, o cinema – com filmes que de outra forma dificilmente seriam vistos na cidade – e a literatura – com um grande aplauso para a iniciativa das "Quintas de Leitura"!

Citando o respectivo site: "O TCA dispõe de espaços, infra-estruturas, meios e equipas de apoio, moduláveis à realização de eventos de vários quadrantes e afirma-se também como um lugar aberto aos jovens criadores de qualquer área artística, em especial da Área Metropolitana do Porto, que procurem um local de manifestação e de exposição da sua obra."
Uma menção (Muito!) honrosa para o Duarte e para a White Castle, pelo raciocínio que ambos expenderam. O do primeiro inteiramente verdadeiro, o da segunda lógicamente acertado, ainda que in casu não verdadeiro (Vi o "Climas" no Shopping Cidade do Porto!)

sábado, junho 16, 2007

La Ci Darem la Mano - Placido Domingo e Sarah Brightman

La Ci Darem la Mano, acto I, cena II. Uma das mais belas árias de Don Giovanni, de Mozart, estreada em 1787, em Praga.
Pelas vozes inconfundíveis de Placido Domingo e Sarah Brightman.
A provar que o dissoluto Don Giovanni revelava encantos ardis que seduziam belas donzelas (ou que o seduziam a ele mesmo?).

Lembro, a propósito, as reflexões da obra homónima de Saramago, neste blog. http://tretaseletras.blogspot.com/2006/08/post-scriptum.html

Noite


Rembrandt, The Night Watch, 1642, Rijksmuseum, Amesterdão.

sexta-feira, junho 15, 2007

Poema pe(r)dido


Henry Scott Tuke, Lovers of the Sun, 1922, Forbes Magazine Collection,
Nova Iorque.

Enevoaste-me a alma
e tolheste o encanto que
em fios de chocolate
trazia ela em vã alegria.
Consumiste-me em pequenos
tragos musicados pelo ronronar
constante do comboio
onde bebi do teu sorriso
um olhar contemplativo,
um sorriso de explosão,
uma voz surda que me chamava
ao canteiro da rosa genuína,
perdida, abandonada.
Mataste-me o corpo
com palavras escarpadas
em imorredoiras tábuas de
Salvação, em mandamentos
decassilábicos incumpridos.
Libertaste-me o prazer
de a teu lado crescer
rumo ao Sol de Agosto,
agrilhoado a estacas e endireitando
o meu natural desequilíbrio
para ti.
Enevoaste-me a alma
clareando-me o espírito
alçado em arco-íris que
contigo e em ti despontou.
De cores mil,
pintalgado de tons e sons,
de murmúrios anestesiantes
e de sinfonias exaltantes de
uma beleza que é única,
irrepetível, que és tu.

Je voudrais, j’aimerais
te dire que tu m’as trépassé
par une flèche
de poison libertaire.
Je te remercie !
Tu m’as couvert l’âme,
mais cela était la seule façon
de me faire vivre.

F.L.

Porto de Vista (XIV)


quarta-feira, junho 13, 2007

Dicionário Alternativo

Todos nos deparamos, de vez em quando, com expressões pitorescas cujo significado desconhecemos.
Aos que lidam com filipelamas, tal acontece com mais frequência. Diz-nos que se trata de um léxico específico de uma pequena terra – qual enclave! – dirigida por um Marquis, o Marquis do Forno. Acreditamos que seja um dialecto local, mas suspeitamos que tem um travo claramente geracional (;-)).
Ora, com o vasto manancial fornecido por esse linguajar, a que chamaremos fornense, e porque no T&L gostamos de lançar desafios, vamos inaugurar uma nova rubrica: o dicionário alternativo. Aqui vamos deixando palavras ou expressões menos comuns, pedindo que tentem adivinhar o que significam.

E a expressão de hoje é: "Fruta seca"

ZOOMático

Dilúvio em fim de tarde primaveril II

Curtas sobre metragens - Climas


Título original: Iklimler / Climates
Relizador: Nuri Bilge Ceylan
Interpretações: Ebru Ceylan, Nuri Bilge Ceylan, Nazan Kirilmis
Género: Drama
Classificacao: M/12
Estúdios: NBC Productions
FRA/Turquia, 2006, Cores, 101 min.

O filme chama-se "Climas" (Iklimler) e retrata as mudanças climáticas que assolam a relação de um casal (Isa e Bahar), à medida que as estações do ano se vão sucedendo.
Tudo começa em período estival nas paradisíacas praias de Kas. As nuvens que toldam o semblante de Isa, apesar do sorriso com que procura iluminá-lo, prenunciam tempestades que o sereno azul do céu ainda não permitiria antecipar.
Com o vento que varre a paisagem e à medida que o estado climatérico se vai agravando, conhecemos, num passar de tempo em ritmo quase real (a lentidão de alguns planos, ainda que quase sempre compreensível, roça o excessivo), o deserto em que Isa e o seu marido se movem. A ausência de diálogo, o desencontro de interesses, a pretérita traição que intuímos são sinais (efeitos?) de uma solidão vivida a dois.
Sinais que os espectadores lêem ao mesmo tempo que os protagonistas. A tempestade instala-se então. O filme retrata-a ao mesmo tempo que nos dá a conhecer, no Outono de Istambul, o percurso proceloso daquelas duas almas melancólicas separadas por um abismo cavado na distância dos seus mundos, dos mundos que foram construindo.
A meus olhos, essa narrativa poderia ter sido desfiada de uma outra forma. Ganharia se se descontasse a presença desnecessária de episódios anódinos ou inconsequentes (a história do PC que estranhamente aparece ligado!) e se se suprisse a ausência de episódios reveladores da essência da história contada.
Tenho, no entanto, de aplaudir aquele que me parece ser o tom característico do filme: a sua genuinidade. Revelada na pureza dos sons – da chuva, dos passos, da respiração, do movimento da areia. – e na limpidez da imagem. É muito belo o plano da praia quando Isa sonha, ou aquele em que ela espreita por uma janela enevoada, já para não falar naquele que encerra o filme.
Gostei de "Climas", quarta longa-metragem de Nuri Bilge Ceylan, realizador que é também o protagonista do filme (na tela é uma espécie de George Clooney da Turquia, tomando de empréstimo uma opinião e imagem alheias!) junto da sua mulher, Ebru Ceylan.
O filme não o é, nem suscita, um intenso dilúvio de emoções. Revela-se, apenas (?), como uma vagarosa e prolongada morrinha de afectos. A cena final dos flocos de neve que cobrem de Inverno a paisagem ainda enevoa a minha alma.

Portugal de Vista (IV)

Pessoa de Portugal


Fernando António Nogueira Pessoa nasceu há 119 anos, exactamente no dia em que se comemora o Santo padroeiro da sua cidade natal. Não consta que fosse religioso, mas amava a sua cidade.
Lembrar Pessoa é sempre recordar uma parte de nós.
Que melhor forma de o homenagear que não seja através da sua poesia?
Fica aquele que é, para mim, o poema que mais necessitamos todos de ouvir, nesta época da nossa vida colectiva, e aproveitando ainda os ecos do 10 de Junho.

O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»



Callas e Caballé - "La mamma morta" - "Andrea Chénier ", de Umberto Giordano

terça-feira, junho 12, 2007

Pão


The Blessed Bread, Pascal Dagnan-Bouveret, 1885, Musée d’Orsay, Paris.

Amassavas o pão
com pontas de dedos
experientes e maduros.
Mastigavas a farinha com
a palma de uma mão
que não conhece linhas,
só traços cruzados,
só entroncamentos interrompidos.
Nas tuas unhas, filhas
de dias que começam
de madrugada,
conservas pedaços de
massa qual potência
nunca transformada em acto.
Amassavas o pão
como se tratasses de um
órfão nascido há umas horas,
com os desvelos de quem não ignora
que umbilical cordão
depende de gestos que se dão
mais para auto-satisfação
que para fazer apenas viver
quem somente termina de nascer.
Acabaste de amassar o pão
e precipitaste-te no Vazio.
A tua função cessara.
Irias para a habitual fria e taciturna
Casa,
de sempre.
Comerias a mesma comida enlatada,
de ontem.
Sentirias a habitual falta de vozes.
Enlouquecerias com os fantasmas
de antepassados que vinham rejubilar-se
do quão felizes haviam sido.
Matá-los-ias em sonhos,
com adagas de cristais
fundidos pela inveja, pelo despeito.
Sonhavas acordada em amassar o pão,
mas o pão eras Tu e já
despertaste tarde para transformar
a massa em pão,
o desejo em vida,
o borrão escrito em peça levada à cena.

F.L.

Portugal de Vista (III)

Do meu e-mail (VIII)

Fado do Encontro - Tim e Mariza

A actual diva do Fado e uma das referências míticas da nossa música.

domingo, junho 10, 2007

Portugal de Vista (II)

Carta

Peço-te desculpa
por aquela palavra (mal)dita,
por aquele sinal proibido,
pelo gesto em desalinho.
Imagino-te replicar que o maior
pecado foi eu não ter feito,
que falhara por omissão.
Se assim foi,
não peço perdão,
pois não se perdoa o que
não existe.
Suplico-te antes que
vejas neste corpo somente
o humano
e que nele te reconheças,
no tal falhanço omissivo.
Não te vou prometer
que serei mais presente –
estou a tentar cumprir «promessas».
Mas deixo-te o penhor
do sofrimento da tua
Ausência
como garantia de que
não ocuparei o tempo
só para contigo não estar,
só para me refugiar
de ser feliz.
Queres acompanhar-me
nessa tenda no meio
do deserto da alma
e comigo partilhar o
maná dos deuses
e o veneno dos monstros?
Espero uma resposta.
Fá-la o mais breve possível.
E – agora sim – desculpa
a lamechice da carta.
Vou sabendo escrever, mas
nunca sei escrever-te.

Do sempre teu, ou melhor,
do às vezes teu,
Eu.

F.L.

sábado, junho 09, 2007

"Voltar" de Rodrigo Leão


Voltando à música portuguesa, e para iniciar o fim-de-semana em grande, aqui fica uma música de Rodrigo Leão.
Trata-se de "Voltar" cantada por Ana Vieira e incluída no cd "Mundo (1993-2006)" de finais do ano passado e sucessor do belíssimo "Cinema".
É uma das poucas canções inéditas incluídas no último trabalho daquele que foi músico dos Sétima Legião e dos Madredeus.
Tentei, em vão, encontrar o "Rosa" cantado por Rosas Passos, ou o "Lonely Carousel" interpretado por Beth Gibbons (ambos do "Cinema" de 2004), ou "Pasión" (da Alma Mater de 2000). O you-tube tem-se revelado muito incompleto (também nada encontrei da Kika Santos e dos Loopless!)

quinta-feira, junho 07, 2007

Corpus Christi


Leonardo da Vinci, Il Cenacolo ou L'Ultima Cena, 1495-1498, Santa Maria delle Grazie, Milão.

E Tu, Jesus, Pão vivo que dá a vida, pão dos peregrinos, "alimenta-nos e defende-nos / conduz-nos para os bens eternos / na terra dos vivos". Amen.

in: Homilia de João Paulo II, por ocasião da Festa do Corpo de Deus, em 14-06-2001.

quarta-feira, junho 06, 2007

Portugal de Vista esclarecida (I)

Parabéns, LPC!
LPC acertou no primeiro "Portugal de Vista"! Se isso não bastasse, ainda o fez em 7 minutos!
A foto - tirada por filipelamas – apresenta um pormenor da cobertura de vidro do nível superior da Estação do Oriente (para os amigos GIL: Gare Intermodal de Lisboa!)
É um projecto do arquitecto valenciano Santiago Calatrava. Acrescente-se, em honra do vitorioso LPC: Calatrava é também engenheiro, ou melhor – para evitar incorrecções – é doutorado em Engenharia!
A estação surgiu aquando da Expo 98 - a estrutura envidraçada ondeante, além de fazer jus ao dinamismo que é apanágio das obras de Calatrava, combinava com o mote da exposição universal: Os oceanos. Um património para o futuro.
A estação, juntamente com o Parque das Nações, é uma herdeira belíssima daquele encontro universal.

Aimee Mann - "Wise Up"


Filme e banda sonora impecáveis!
Fica o já célebre “Wise Up”, de Aimee Mann (1999, Warner Brothers), num vídeo de elevada qualidade plástica.




E vale a pena atentar na letra:
It's not
What you thought
When you first began it
You got
What you want
Now you can hardly stand it though,
By now you know
It's not going to stop
It's not going to stop
It's not going to stop
'Til you wise up

You're sure
There's a cure
And you have finally found it
You think
One drink
Will shrink you 'til you're underground
And living down
But it's not going to stop
It's not going to stop
It's not going to stop
'Til you wise up

Prepare a list of what you need
Before you sign away the deed
'Cause it's not going to stop
It's not going to stop
It's not going to stop
'Til you wise up
No, it's not going to stop
'Til you wise up
No, it's not going to stop
So just...give up

Portugal de Vista (I)

Ponto


Fission, Bridget Riley, 1963, Museum of Modern Art, Nova Iorque.

Ofereci-te apenas um ponto.
Dele fizeste mil pontos
dos quais brotaram
pontos de interrogação
admirados, surpreendidos.
Entreguei-te, então,
dois pontos:
iniciaste um diálogo
em travessões
virgulados
no local exacto onde,
por magia,
as «pausas» entre aspas
tocaram as linhas
exclamadas de
sussurros aspirados
por sílabas átonas.
As tónicas
há muito se escaparam
para local onde, ouvidas
em gaitas de fole
tocadas nos sopés
dos montes,
te lembram sem cessar
que toda a pontuação
do mundo jamais
será capaz de conter
a torrente
que das comportas
do meu Ser
tão suspensas estão
das reticências do teu esgar.

F.L.

segunda-feira, junho 04, 2007

Jorge de Sena




Nasce em 1919 e naturaliza-se brasileiro em 1963. Toda a sua vida como Homem e Escritor foi um hino de coerência e de amizade sincera e fraterna entre os dois povos. Licenciou-se em Engenharia na FEUP, num edifício que é bem nosso conhecido!
Ensaísta de vulto e professor de renome por terras do Brasil e dos EUA.
Faleceu no dia de hoje no ano de 1978, em Santa Barbara, Califórnia, onde leccionava.

Estão podres as palavras

Estão podres as palavras – de passarem
por sórdidas mentiras de canalhas
que as usam ao revés como o carácter deles.
E podres de sonâmbulos os povos
ante a maldade à solta de que vivem
a paz quotidiana da injustiça.
Usá-las puras – como serão puras,
se caem no silêncio em que os mais puros
não sabem já onde a limpeza acaba
e a corrupção começa? Como serão puras
se logo a infâmia as cobre de seu cuspo?
Estão podres: e com elas apodrece a mundo
e se dissolve em lama a criação do homem
que só persiste em todos livremente
onde as palavras fiquem como torres
erguidas sexo de homens entre o céu e a terra.

A Portugal

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.
(…)

Tinariwen


Fazendo um brevíssimo interregno nos posts de música portuguesa e em forma de grande agradecimento ao Joe, deixo aqui um vídeo de uma actuação dos Tinariwen no Womad Rivermead Festival em 2004.
Este grupo, cujo nome significa espaços vazios em Tamasheq (uma língua berbere), esteve na Casa da Música, no ano passado no Festival Mestiço (a ele fiz referência no meu segundo post no T&L datado de 21 de Julho de 2006 - já lá vai quase um aninho: o blog está mesmo crescido!), actuando depois dos Ojos de Brujo (By the way, tenho um calendário de 2007 - bem giro - do cd Thecari do grupo catalão - que também agradeço!! ;-)) .
Os Tinariwen, oriundos do deserto do Mali, são ex-rebeldes tuaregues que em 1982 nos campos de Moammar al-Qadhafi formaram um grupo musical. Chegaram a Tombuctu no final da rebelião, no início dos anos 90, com uma guitarra eléctrica numa mão e uma Kalachnikov na outra.
Cantam, em francês e Tamasheq, os valores da liberdade e da independência para o seu povo face ao governo do Mali.
Foram considerados a melhor formação world music do continente africano, pela Rádio BBC em 2005 e o seu disco Amassakoul foi aclamado internacionalmente.

Porto de Vista esclarecida (XIII)

Duarte acertou mais uma vez! Batendo todos os records de tempo! Desta feita, precisou apenas de 20 minutos. Estabeleceu, assim, uma fasquia difícil de superar!
A foto retrata um pormenor da fachada da Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, na freguesia de Massarelos.
Este pequeno templo da paróquia do Santíssimo Sacramento tem uns vizinhos interessantes. Aninha-se ao lado do gigante e moderno Shopping Cidade do Porto. (Da querela jurídica - perdoe-se-nos - não daremos conta!) E vive encostada a uma casa senhorial onde funciona o bar e restaurante Casa Agrícola.
A capela e esta casa foram mandadas erguer por um rico mercador de seu nome António de Almeida Saraiva, no segundo quartel do século XVIII e passaram, por casamento (perdoe-se-nos também a ligeireza com que tratamos aqui estas matérias ;-)), para a titularidade do desembargador António de Sá Lopes.
Esteve abandonada durante vários anos, tendo reaberto ao público e ao culto em Dezembro de 2005, após várias obras de recuperação integral, num esforço conjunto da sociedade gestora do supra referido shopping - na parte relativa à estrutura da capela (telhados, paredes, portas e janelas) - e da Fraternidade Missionária Verbum Dei, no que concerne ao retábulo, exemplar de estilo rococó.

Porto de Vista (XIII)

domingo, junho 03, 2007

Dervish - They Can't Stop the Spring



Sei que é festivaleira (representou a Irlanda em Helsínquia, este ano, no Concurso Eurovisão da Canção e só teve 5 pontos, atribuídos pela Albânia (!), quase ao nível de Portugal), mas atentem nos sons celtas e na letra, inspirada nos acontecimentos da Primavera de Praga de 1968:

Hey can't stop the spring
The curtain has been raised, the wall no longer stands
And from Lisadell to Latvia, we're singing as one clan
The curtain has been raised, and Europe's all one stage
And the archipelagic icicles have melted like the cage

We don't need no party, just a party band
A continental choir singing hand in hand

They might scare the blackbird
But they cannot stop him sing
They may steal the honey
But they'll never steal the sting
They may crush the flowers
Trample every living thing
But they can't stop the spring

They might scare the blackbird
But they cannot stop him sing
They may steal the honey
But they'll never steal the sting
They may crush the flowers
And trample every living thing
But they can't stop the spring

They might scare the blackbird
But they cannot stop him sing
They may steal the honey
But they'll never steal the sting
They may crush the flowers
And trample every living thing
But they can't stop the spring

No, they can't stop the spring

Juntos


Pablo Picasso, Os amantes, 1923, The National Gallery of Art, Washington.

Juntos fazemos um poema.
Em redondilha maior –
os de redondilha menor
não se adequam ao que nos une.
Juntámos os céus, a terra,
os mares e os ares,
os sentidos em tumulto,
as aves, as flores, as graças
do mundo;
as desgraças esconjurámos!

O resultado é sublime!
Jurámos caminhar com pernas
robustas, unas, abastadas
com rendilhados de sonhos,
em ponto de cruz de rimas,
em arraiolos de fantasias.

O tapete multicolor
que estendemos à sombra
do plátano, testemunha
envergonhada
do nosso primeiro beijo,
roubado à inocência,
foi esteira na qual
rolámos vestidos da meta
singular
de a felicidade alcançar!

Nessa tarde
enfeitei tua fronte com diadema
de rubis ornada
e esmeralda lapidada
à medida de quem sinto
impedir aquilo com que minto
a mim próprio sobre ti.

Juntos fizemos um poema
em tons de jovial mocidade.
Juntos fazemos um poema
com maduros figos de vida moída.
Juntos faremos um poema
na velhice testemunha fluida
de tempo que enfim nos convida.

Juntos fazemos um poema.
Será soneto ditoso ou
mero leito palavroso?

F.L.

sexta-feira, junho 01, 2007

Agora é (mesmo) uma nuvem

Andando ainda de olhos postos nas nuvens (onde está a Primavera?), depois do post anterior com o quadro de Magritte, e atendendo à abertura, ontem, da Trienal de Arquitectura de Lisboa, onde marcam presença, como convidados, Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio, lembrei-me de colocar, aqui no blog, "The blur building". Trata-se de uma das obras principais desta famosa dupla que "organiza" espaços, misturando elementos de design, performance e meios electrónicos com conceitos de arquitectura.
Este edifício em forma de nuvem constituiu o pavilhão central da sexta exposição nacional suiça realizada Yverdon-les-Bains, no ano de 2002.

Deixo uma palavrinhas de explicação: "the centerpiece pavilion ... is a suspended platform shrouded in a perpetual cloud of man-made fog, designed by architects Elizabeth Diller and Ricardo Scofidio. The cloud can host up to 400 visitors. The so called 'blur pavillion' is visible from afar. The building consists of a 60x100x20 - metre metal construction that sprays innumerable tiny drops of lake water from 31400 jets. The high-pressure spraying technology ensures that the fleeting sculpture will be visible in all weathers, rain or shine. The high-pressure spraying is carried out by high-grade steel jets with tiny apertures only 120 microns in diameter, through which the water is forced at a pressure of 80 bars onto fine needlepoints directly above the apertures and atomised into innumerable tiny droplets 4 to 10 microns in diameter. The droplets are so small that most of them remain suspended in the air. If sufficient jets are installed in a specific volume, they saturate the air with moisture and create the effect of mist or, in this case, the effect known as the blur."

Não é uma nuvem

"La Corde Sensible", Rene Magritte,
115 cm x 146 cm.
Galeria Isy Brachot, Bruxelas