segunda-feira, junho 04, 2007

Jorge de Sena




Nasce em 1919 e naturaliza-se brasileiro em 1963. Toda a sua vida como Homem e Escritor foi um hino de coerência e de amizade sincera e fraterna entre os dois povos. Licenciou-se em Engenharia na FEUP, num edifício que é bem nosso conhecido!
Ensaísta de vulto e professor de renome por terras do Brasil e dos EUA.
Faleceu no dia de hoje no ano de 1978, em Santa Barbara, Califórnia, onde leccionava.

Estão podres as palavras

Estão podres as palavras – de passarem
por sórdidas mentiras de canalhas
que as usam ao revés como o carácter deles.
E podres de sonâmbulos os povos
ante a maldade à solta de que vivem
a paz quotidiana da injustiça.
Usá-las puras – como serão puras,
se caem no silêncio em que os mais puros
não sabem já onde a limpeza acaba
e a corrupção começa? Como serão puras
se logo a infâmia as cobre de seu cuspo?
Estão podres: e com elas apodrece a mundo
e se dissolve em lama a criação do homem
que só persiste em todos livremente
onde as palavras fiquem como torres
erguidas sexo de homens entre o céu e a terra.

A Portugal

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.
(…)

6 comentários:

P disse...

Grande homenagem. Ainda me lembro de ter de 'analisar' o Soneto
«PANDEMOS

Dentífona apriuna a veste iguana
de que se escalca auroma e tentavela.
Como superta e buritânea amela
se palquitonará transcêndia inana!

Que vúlcios defuratos, que inumana
sussúrica donstália penicela
às trícotas relesta demiquela,
fissivirão boíneos, ó primana!

Dentívolos palpículos, baissai!
Lingâmicos dolins, refucarai!
Por manivornas contumai a veste!

E, quando prolifarem as sangrárias,
lambidonai tutílicos anárias,
tão placitantos como o pedipeste.»

Foi no meu 2º ano em Fonologia e morfologia do Português I e II. Fiquei siderado e... atirei-me ao trabalho! Grande homenagem, Filipe.
rtp, obrigado pela honra! Vamos ter de pedir reforço dos servidores do blogger. Se o Porto de vista é o sucesso que é, com espiões e tudo!
Um abraço

Anónimo disse...

Homenagear Jorge de Sena, é além de homenagear a boa literatura, é sobretudo homenagear o Homem e a Liberdade de pensamento e de sentido que ele sempre encarnou...Muito obrigado por esta lembrança, e pelo critério de bom gosto que há muito me habituou, bom gosto esse aliás extensível aos outros companheiros deste blog....Um Abraço grande e OBRIGADO

Anónimo disse...

É o inginherio!! carago!

Anónimo disse...

Esqueci-me :)
LPC
(tenho mesmo de me juntar ao partido para abandonar esta condição)

Anónimo disse...

Que tardia mas tão agradável surpresa, este blogue. Pelos seus autores, cuja veia blogosférica desconhecia. E pela qualidade ininterrupta da prosa, que já era de esperar. A voltar, assiduamente.

filipelamas disse...

Meu caro André,

Ao tempo que não o via pela blogosfera! Quantas vezes fui ao "Nas Margens do Minho" e lá estava sempre o mesmo post! É bom que tenha voltado para enriquecer a nossa comunidade! Volte sempre que quiser! É sempre muito bem-vindo!
E já agora, muitas felicidades na nova fase da sua vida que tão bem inicia!