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Contudo, Karol conseguiu ser o Papa das multidões, em grande parte devido ao seu olhar e sorriso enternecedores que desarmavam qualquer um. Mantém-se-me na lembrança a visita a Cuba, em que El Comandante se referia a Su Santidad com um misto de reverência e de quase vergonha.
A aceitação da doença e a mensagem que através de um ser cuja voz mal se ouvia e percebia foi, para mim, o legado mais sublime de João Paulo II: os mais indefesos devem ter lugar nas sociedades modernas. Esta perspectiva interpela-nos e incomoda-nos, porquanto somos bombardeados com a cultura do belo, do rápido, do sucesso. O Papa corcovado foi a desmistificação de tudo isso.
Para quem, como eu e tantos outros, se habituaram a crescer com Karol, ele era quase uma visita de casa, um avô de rosto sereno e que inspira confiança. Um regaço em que tantas vezes desejei repousar.
3 comentários:
Também eu nutro uma grande admiração pelo Papa João Paulo II e pela obra que (nos) deixou.
Quantas vezes não me questionei sobre o porquê de não resignar, se o condicionariam... O tempo é bom conselheiro e, ainda que a distância não permita objectividade, já se sente saudade desse 'regaço' de que o Filipe fala.
várias vezes me interroguei sobre qual o sentido da exposição pública da fragilidade, até a ter percebido como testemunho de humanidade, numa época em que expulsámos do espaço público as nossas debilidades e nos envergonhamos com todas as fraquezas..
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