O medo de falhar é co-natural ao homem. Verdade tão insofismável quanto mecanismo de defesa sem o qual entraríamos em depressão pós-moderna major. Contudo, se esse medo, mais do que bloqueador, nos impele a avançar, mas a deixarmos em um «escrínio de irredutibilidade» sentimentos que não compartilhamos, então o Homem desinveste de si mesmo e concentra um aparente investimento em objectos situados fora de si.
Sendo exacto que só descentrando-se o «ser» se realiza em plenitude, também é certo que um capital de energia fora do «eu» é atingível somente quando existem espaços físicos, mentais e relacionais de solidão. De «solidão criativa» falo neste domínio. Nunca aquela que nos lança numa «autofagia sentimentalóide» em que de observador passamos a observado, mas a um right to be alone, tão caro ao mundo anglo-saxónico, que nos transpõe para a consciência do que temos a oferecer.
De facto, as «teorias de análise económicas» hoje servidas como inovações incontroversas, nada mais são que uma reconstrução sujeita a cosmética de lógicas utilitaristas e de ensinamentos psicanalíticos freudianos e tributários de Jung.
A «solidão criativa» é, por decorrência, condição sine qua non do «estar-com-o-outro criativo» que ultrapasse um «estar» circunstante, asséptico e sem polissemia. «Estar» deste último modo não é verdadeiramente «estar», mas «existir». E «existir» é somente uma dimensão biológica, quando muito com laivos mascarados de racionalidade e emoção.
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