segunda-feira, abril 30, 2007
sexta-feira, abril 27, 2007
Life is beautiful that way
Depois da referência a uma perspectiva sonhadora da vida “à la Floribela” e para ultrapassar algum cinzentismo da vida quotidiana, deixo aqui uma melodia entranhável e perfumada que é um hino à vida e à alegria de viver. A composição é de Nicola Piovani. Faz parte da banda sonoro de “A vida é bela” de Roberto Begnini. É interpretada pela voz divinal da cantora israelita Noa.
Para erradicar algum desalento e pessimismo, fica, então, o mote:
"Smile, without a reason why
Love, as if you were a child
Smile, no matter what they tell you
Don’t listen to a word they say
'Cause life is beautiful that way
(...)
Keep the laughter in your eyes
Soon, your long awaited prize
Well forget about our sorrow
And think about a brighter day
'Cause life is beautiful that way."
Como afinal não é possível "postar" o vídeo em questão, deixo o endereço do you-tube onde pode ser vista esta canção bem-disposta: http://www.youtube.com/watch?v=9HuXWD3ViW4
O mesmo
Toquei hoje o limite do céu,
do azul, do cinzento, do negro.
Viajei em espumas de nuvens fofinhas
ao acordar de noite tormentosa.
Não era eu quem ia ao leme,
nem representava um povo;
tão-pouco ia a mando de um rei.
Ia. Navegava. Naufragava.
Quando as carótidas incharam
até rebentar,
uma fada madrasta despertou-me
para de novo me embalar,
agora em dia final de Abril
a caminho de um trabalho que mais não posso suportar.
A janela do carro aberta até ao fim
invade o fato que tenho como cruzeta
de um odor a cidade poluída.
Não noto a diferença.
A poluição corre-me nas veias,
num sorriso forçado, num aperto de mão fingido.
Desaperto o nó da gravata ao passar
pela ilha e pelo bairro social
que a sociedade tanto evita.
Oiço aí risos. Sem mais nada.
Só risos.
Ao tempo que não me rio!
Ou melhor, ao tempo que do sorriso
não tiro um riso. Sincero. Amigo. Libertador.
Em pedaços de latas mais ou menos requintadas
ouvem-se as mesmas músicas escolhidas por outros,
as mesmas notícias inventadas por outros,
as mesmas mezinhas para as maleitas modernas,
inventadas por outros.
Nós e os outros –
é este o único sentimento de pertença
que nos resta.
Fazer parte de um grupo,
mesmo sem cartão de militante, sócio, associado,
filiado, fundador, aluno, docente, doente.
ouvem as mesmas músicas,
comem as mesmas notícias,
têm os mesmos cartões,
apenas de díspares cores.
Sua Excelência A Mesmidade!
Sua Excelência O Marasmo!
Vai, em direcção ao mesmo!
F.L.
quinta-feira, abril 26, 2007
William Butler Yeats
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.
quarta-feira, abril 25, 2007
Abril
Um povo rural, adormecido,
preso por grilhões de atavismo,
contemplando retratos poeirentos,
obrigado a venerar deuses impostos,
acorda em manhã simples, pura e grande.
Com armas nas ruas,
corações em sobressalto,
Capitães do sonho e da lembrança da guerra
anunciam «posto de comando»
de vontades, de fraternidade, em Grândola.
A Vila Morena e a azinheira
são campos de cravos que pululam
em espingardas, canhões, peitos agora abertos,
em vozes que gritam «Liberdade!».
Revolução quase sem mortos,
sem que muitos dela tivessem real consciência:
assim são as coisas exactas na vida dos Povos –
estão lá, omnipresentes, em hibernação,
apenas aguardando o retumbar dos tambores
para espreguiçarem a ditadura
e restituírem a escolha do caminho a seguir.
De inofensivos cravos nas mãos,
os Portugueses atónitos contemplam
esta esquecida palavra de cristal: «Liberdade!».
O que fazer com ela?
O que fazer dela?
Aí reside o seu extremo significado.
Tal como a perfeição, Abril
faz-se por aproximações sucessivas,
em jardins de cravos, e rosas, e orquídeas,
e papoilas, e margaridas, e flores campestres.
É nessa multiplicidade de cores
que ainda hoje dorme a força de Abril,
à espera do príncipe que ponha termo
à Letargia.
Este príncipe é o operário, o agricultor,
o professor, o profissional liberal, o militar.
Príncipe é quem queira de Abril
receber a capa da Fraternidade e abrir
auto-estradas de ilusão de duplo sentido,
vagas e precisas, abstractas e concretas.
Impossível cumprir Abril?
Quem disse que os sonhos se cumprem?
F.L.
terça-feira, abril 24, 2007
Curtas sobre Metragens - A pianista
Título original: «La Pianiste».
De Michael Haneke.
Com Isabelle Huppert, Benoît Magimel e Annie Girardot.
130 minutos.
Áustria/França.
2001.
O filme encontra a protagonista, Erika Kohut, nos seus quarenta anos. Professora de piano no Conservatório de Viena, ela vive ainda com a mãe, uma mulher dominadora que usa todos os meios para forçar a filha a atingir os objectivos desde cedo traçados: ser uma pianista genial e reconhecida como tal. São objectivos que exigem uma dedicação total à profissão, mesmo que esvaziem a protagonista de vida própria e tornem a relação mãe-filha insuportável e violenta: a mãe revista-lhe a carteira, controla-lhe os horários e destrói-lhe as roupas demasiado femininas. Cedo se percebe que os objectivos são da mãe e não da filha, que se sente subjugada. Pegando nas palavras de Michael Haneke, a família é o locus de uma guerra em miniatura. A pergunta que se impõe a cada instante é: por que é que Erika não se revolta?
A esperança parece, finalmente, surgir quando Walter Klemmer (interpretado de forma muito convincente por Benoît Magimel), um jovem estudante de piano, entra na vida de Erika. Fascinado pela professora quando a ouve interpretar Schubert, declara-se apaixonado e tenta por todos os meios seduzi-la, usando dois trunfos importantes: o seu ar irresistível e o seu talento aparentemente inato para o piano. Aqui começa, porém, um jogo de recíproca submissão e dominação que conduzirá, não à esperada salvação mas à destruição. Surpreendendo todas as expectativas de Walter, Erika cede às suas investidas, mas em vez de mostrar, pela primeira vez, alguma afectividade, traz à luz do dia todas as suas neuroses: o medo das emoções, o medo de perder o controlo e o medo de se submeter mais uma vez. Erika afirma que é desprovida de sentimentos e que, se algum dia vier a tê-los, eles nunca poderão vencer a sua inteligência. A sua reacção a estes medos é inesperada: Erika exige a Walter que a torture de forma cruel, de acordo com regras rigorosamente traçadas numa carta escrita, já que estes desejos são demasiado inconfessáveis para serem ditos. Ela assume o comando da «relação», exigindo a sua própria submissão! Confirma-se: também o sexo é um palco do poder. De ser amado, a personagem interpretada por Isabelle Huppert passa a ser abjecto, desprezado e incompreendido. No entanto, ela limita-se a transportar para a relação com Klemmer os elementos da violência, da submissão e da falta de afectividade, bem presentes na relação filial. Ela magoa e quer ser magoada, tal como terá aprendido durante a infância e a juventude.
Isabelle Huppert desempenha com mestria o papel. Sem qualquer exuberância dramática, conduz-nos permanentemente para a penumbra que habita e impede-nos de desviar o olhar. Mergulha-nos na introspecção e aprisiona-nos na sua imobilidade. Choca-nos com a sinceridade das suas pulsões contraditórias e inconfessáveis.
Sabemos que o livro de Elfriede Jelinek, no qual se baseou o filme, é, em grande parte, autobiográfico. A mãe da escritora galardoada com o Prémio Nobel da Literatura em 2004 morreu aos 96 anos, completamente louca. Partilhavam a mesma casa em Viena, na qual a velha mulher, nos últimos tempos, proibira a entrada do genro. Tal como Erika, também a escritora tem uma sólida formação musical, na qual a mãe concentrou todas as suas ambições. Ao contrário daquela personagem, porém, Elfriede conseguiu escapar a este domínio.
Diferentemente do que sucede com o livro de Jellinek, que ainda recua ao passado de Erika na tentativa de explicar o presente, o filme de Michael Haneke nada explica, limitando-se a relatar experiências com o intuito de deixar ao espectador liberdade total para interpretar e tirar conclusões sobre o que vê. Trata-se, porém, de um presente envenenado: perante uma falta de explicação para a violência e para a perda do que é mais essencial no Homem, o espectador sente-se sem esperança, desalentado, desiludido. A ferida provocada pelos tempos que correm fica exposta: será este o resultado das constantes lutas de poder, da busca desenfreada do sucesso, da perda de solidariedade e do esvaziamento da importância da família e do afecto?
segunda-feira, abril 23, 2007
domingo, abril 22, 2007
Crónica da semana que se inicia
F.L.
Black & White - Amigos de Parabéns!!
No âmbito do 4.º Festival Audiovisual Black & White, o qual decorreu de
A curta, intitulada “Suite”, fez furor por entre trabalhos de estudantes de cinema, num festival com obras internacionais e já com considerável sucesso, organizado pela Escola das Artes da Católica.
Estamos todos ansiosos por ver esta primeira “master piece” da dupla Guilherme/Nuno! Passem pelo “Bunker”, aqui linkado.
quinta-feira, abril 19, 2007
Sunset - Nitin Sawhney
Os trabalhos reflectem as suas raízes. É britânico de ascendência indiana.
Para além de misturar muito bem as sonoridades do mundo ocidental (nomeadamente electrónicas) com as das culturas orientais, utiliza a música para transmitir mensagens muito interessantes. Em variadas canções, e sobretudo nos videos, deparamo-nos com uma perspectiva crítica de certas características do nosso mundo.
Já era fã. Mas depois do vibrante concerto a que tive o imenso prazer de assistir na Casa da Música, há cerca de dois anos, redobrei a minha admiração. Sawhney, na apresentação de “Philtre” arrebatou o público numa sala 1 apinhada.
O endereço é: http://www.youtube.com/watch?v=nj6JiXjErTI
quarta-feira, abril 18, 2007
Tributo
Ninguém como O'Neill conseguiu captar a vera essência da Amizade. Nunca, em tempo algum, será possível escrever hino mais profundo e belo a esse sentimento.
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
terça-feira, abril 17, 2007
The funny side of Dublin (II)
Doors of Dublin - Abril 2007
A austeridade e traços rectilíneos dos edifícios em tijolo castanho escuro e o sentido de proporção e simetria das suas fachadas - típicos do estilo georgiano (século XVIII, reinados de George I, II e III) que caracteriza quase toda a face arquitectónica da cidade - são quebrados pela coloração divertida das suas portas.
Este interessante facto encontra, aparentemente, a sua origem histórica no início do século XX. Parece que, aquando da morte da rainha Victoria, em 1901, foi emanado um decreto (“decree”) que dispunha que as portas das casas deveriam ser pintadas de preto em sinal de dor e em homenagem à monarca falecida. Ora, os irlandeses, fazendo jus à sua fama de rebeldia e aproveitando o ensejo para manifestar os seus ímpetos independentistas, pintaram as portas com todas as cores do arco-iris, excluindo o preto.
Existe uma outra explicação para um tão vasto espectro de cores. Uma explicação bem mais prosaica. Diz-se que é uma forma de os irlandeses, perante um complexo urbanístico tão uniforme, conseguirem identificar a respectiva casa, no regresso ao lar, depois de uma noite bem bebida nos pubs.
Qualquer que seja a explicação, as “doors of Dublin” são um divertido ícone desta cidade animada, despretensiosa e acolhedora.
segunda-feira, abril 16, 2007
Lições de Dublin (III)
THERE is not in the wide world a valley so sweet
As that vale in whose bosom the bright waters meet;
Oh! the last rays of feeling and life must depart,
Ere the bloom of that valley shall fade from my heart.
Yet it was not that nature had shed o’er the scene
Her purest of crystal and brightest of green;
’Twas not her soft magic of streamlet or hill,
Oh! no—it was something more exquisite still.
’Twas that friends, the beloved of my bosom, were near,
Who made every dear scene of enchantment more dear,
And who felt how the best charms of nature improve,
When we see them reflected from looks that we love.
Sweet vale of Avoca! how calm could I rest
In thy bosom of shade, with the friends I love best,
Where the storms that we feel in this cold world should cease,
And our hearts, like thy waters, be mingled in peace.
domingo, abril 15, 2007
Lições de Dublin (II)
Hélas!
To drift with every passion till my soul
Is a stringed lute on which all winds can play,
Is it for this that I have given away
Mine ancient wisdom, and austere control?
Methinks my life is a twice-written scroll
Scrawled over on some boyish holiday
With idle songs for pipe and virelay,
Which do but mar the secret of the whole.
Surely there was a time I might have trod
The sunlit heights, and from life's dissonance
Struck one clear chord to reach the ears of God:
Is that time dead? lo! with a little rod
I did but touch the honey of romance -
And must I lose a soul's inheritance?
sábado, abril 14, 2007
Lições de Dublin
Um homem de braços erguidos, em posição de orador e de guia de multidões parece interpelar-nos e exigir-nos mais do que uma simples passagem por uma cidade de que se aprende a gostar, principalmente pela afabilidade das suas gentes.
Trata-se de James (Big Jim) Larkin (Séamas Ó Lorcáin - 1876-1947), importante fundador do movimento sindicalista do Éire e impulsionador do Dublin Lockout de 1913 que esteve na base, para além de uma multiplicidade de outros factores, da independência da Irlanda, em 1922, com a entrega do poder, no Upper Yard do Castle of Dublin, por parte do Vice-Rei (representante da coroa do Reino Unido) a Michael Collins, do então recém-criado Estado Livre da Irlanda.
Mais do que o movimento sindicalista, mais do que o apoio à revolução bolchevique e os ensinamentos da doutrina comunista que Larkin foi beber nos EUA (valendo-lhe uma condenação em pena de prisão, entretanto parcialmente perdoada), de entre os muitos discursos inflamados deste nacionalista (porventura hoje tido como terrorista...), há uma frase que se encontra numa lápide aposta na dita estátua e que trouxe gravada em letras que não quero esquecer:
Les grands ne sont grands que parce que nous sommes à genoux: Levons-nous!
Ní uasal aon uasal ach sinne bheith íseal: Éirímis!
The great appear great because we are on our knees: Let us rise!
O francês, o gaélico e o inglês dão uma dimensão ainda mais universal a uma verdade em si mesma comum a toda a Humanidade.
terça-feira, abril 10, 2007
sexta-feira, abril 06, 2007
Coelho da Páscoa
“Um impostor com os dentes de fora, magricela e que não traz prendas.”
Pai Natal
Odete Santos
You know who…
Zezito
Político português preocupado com o decréscimo da taxa de natalidade
D. Maria II
Carvalho da Silva, CGTP
Um puto reguila de um anúncio de TV dos idos de Maria Cachucha
O dito cujo Coelho
BOA PÁSCOA!!
quinta-feira, abril 05, 2007
Letras à Mesa - "O Carteiro" (Porto)
Rua Senhor da Boa Morte, 55 (ao Largo do Ouro; próximo do Maré Alta)
Tel.: 225 321 170 * E-mail: ocarteiro@guiadosrestaurantes.net
Preço médio: cerca de 20 €/ pessoa * Aceitam cartões de débito e crédito
Reserva: conveniente, principalmente às Sextas e fins-de-semana
Horário: 12h30 – 14h30 / 20h00 – 23h00 (Encerra ao Domingo)
Capacidade: 32 pessoas * Estacionamento fácil
Ementa em: http://www.netmenu.pt/Restaurantes/menu.asp?RestID=2242&PageID=1
Localização em: http://www.netmenu.pt/Restaurantes/Pagina.asp?RestID=2242&PageID=3
Comece-se por umas entradas simples mas eficazes: pataniscas, cogumelos salteados com travo a coentros e queijo gratinado com bacon. A acompanhar, umas tostas com patê home made.
Para beber, a carta de vinhos é boa – não excessivamente completa – e a sangria é sempre uma excelente opção.
Nos pratos principais encontramos uma cozinha que não é propriamente de autor nem massificada. As especialidades são o folhado de carne à Carteiro, a posta à Carteiro e a açorda de gambas. Recomendo em especial o primeiro: dentro de um rolo de massa folhada e sob um manto de queijo derretido, é-nos sugerido um pedaço de carne de boi grelhada e bem temperada e com o bónus de uma fina fatia de fiambre. Delicioso e nada enjoativo como à primeira vista se poderia pensar. Os acompanhamentos merecem ainda referência: migas, castanhas cozidas com travo a canela (excelente) e legumes também cozidos.
As sobremesas são habituais: mousses de chocolate e manga e outra doçaria.
A música de fundo recorda-nos os anos 80 e, como se disse, o serviço é simpático, apesar de lento.
Como alguém dizia num recente repasto que lá decorreu, alguma lentidão do serviço faz jus ao nome: o carteiro também só vem uma vez por dia…
Delicie-se com uma boa refeição e uma ainda melhor companhia, relembrando as páginas notáveis do Carteiro de Neruda!
De-Phazz - Something Special
Para animar este inicio de Primavera que, apesar do Sol, tarda em aquecer, fica um clip da canção “Something Special” dos germânicos De-phazz (Destination Phuture Jazz). Numa altura em que lançam o novo albúm “Days of Twang” e vêm a Portugal apresentá-lo (infelizmente apenas a Lisboa, ao Paradise Garage!) fica uma musiquinha divertida do já antiquíssimo “Death by chocolate” (2001).
quarta-feira, abril 04, 2007
Ecos de um fim-de-semana desportivo, e em particular, de uma segunda-feira especial
Pena que Moutinho não tenha jogado e que o segundo golo de Liedson não tenha sido considerado válido!
segunda-feira, abril 02, 2007
Palco das Letras - "Felizmente não é Natal"
Felizmente não é Natal
Rivoli – Grande Auditório
Elenco: Lourdes Norberto, Manuela Maria, Paula Lobo Antunes e Álvaro Faria.
Tradução e Adaptação: Marta Mendonça.
Produção: C. M. Oeiras – Publicoleto.
Até 8/Abril/2007
Quinta a Sábado: 21.30h // Domingos: 17h
Bilhetes de 10 € a 25 €
Com base num texto de Carles Alberola, a trama reflecte o dia-a-dia de um depósito de velhos
Leonor vive uma história que julga ser só sua, mas que contudo é partilhada por todo o microcosmos do lar: o seu filho Alberto (ou António, como Leonor o vê) vinha visitá-la nos dois primeiros anos de permanência naquele lugar de onde se vêem laranjeiras que antes de morrer decidem florir como nunca, apenas para depois… morrerem. E no mundo de Leonor continuava a vir todos os meses. No mundo do real (seja lá o que isso for), já se haviam passado sete anos desde o último encontro). Religiosamente, Leonor vestia-se a preceito para estar sentada no banco de jardim, sozinha, a falar sobre a neta, a nora, o filho.
Fernanda é o arquétipo de mulher de armas, revoltada interiormente e dessa revolta alimentando a sua força. Os filhos não a visitam pela simples razão de estarem no estrangeiro. Ou também assim não será? Viverão as duas num mundo imaginário?
E a empregada (Paula Lobo Antunes) que está grávida de um tal Luís que o mais certo é não ser o pai da criança? Será ela real?
Reais foram as palmas emocionadas do público perante a chegada do filho Alberto (Álvaro Faria), como se a plateia se projectasse no drama tão familiar a que assistia, desejando, de forma ardente, o regresso do filho pródigo para poder continuar a tarde de Domingo em descanso, com a esperança de que a velhice trará amparo, afago e carinho.
Retrato bem-humorado, inteligente e mordaz da velhice na Europa e nos ditos países “civilizados”. E sim, o Natal nos lares deve ser mesmo triste. Felizmente (ainda) não é Natal.
Não fora o riso, o assunto seria sério. Talvez o seja.