quarta-feira, março 31, 2010
terça-feira, março 30, 2010
segunda-feira, março 29, 2010
Das Hamburger Musikleben
- Il Barbieri di Siviglia na Staatsoper
Rosina: “Una voce poco fa
qui nel cor mi risuonò.” (...)
Berta: “Ma che cosa è quest’amore
che fa tutti delirar?
Egli è un male universale,
una smania, un pizzicore,
un solletico, un tormento,
poverina, anch’io lo sento
né so come finirà.
Oh, vecchietta maledetta!”
- Brahms pelos St. Petersburg Virtuosen na sala pequena da Laeiszhalle;
Magnífica interpretação de obras Brahms, um músico de Hamburgo.
- Die Weihe des Hauses de Beethoven e Die vier Temperamente de Carl Nielsen na Laeiszhalle, pela Orquestra sinfónica NDR e dirigida por Alan Gilbert na sala grande da Laeishalle;
Concerto memorável. Muito interessante a obra de Carl Nielsen, dinamarquês.
Para Beethoven e a interpretação da orquestra e os dois solistas (violino e violoncelo) não há palavras.
- Matthäus Passion de Bach na St. Michaelis-Kirche.
Merece um post distinto.
quinta-feira, março 25, 2010
Fado em 5 momentos
Sou um tipo sério e anafado.
Bem-posto, de chapéu bem colocado
em cima de cabeça arejada (segundo dizem!).
(momento reflexivo e levemente armante)
Lá no fundo, acho que sim.
Se arejado for deixar o vento
passar pela pinha…
E sair como o ar de um trombone…
(momento ralé)
Imagem bonita esta…
Ah, sim! Estava na parte do tipo sério,
mas que se ri. E muito!
E que adora mesmo rir, e sorrir,
e todas as derivações deriváticas que daí derivem…
(momento repetitivo pós-moderno)
E que diz “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”.
E se levanta nos autocarros para dar o lugar
a senhoras velhinhas de puxo.
(momento mentiroso e politicamente (in)correcto)
Ora, é isso mesmo…
A vida é feita de momentos e há que aproveitar
porque a vida são dois dias…
(momento cliché e de dificuldade em conjugar singular e plural)
F.L.
segunda-feira, março 22, 2010
domingo, março 21, 2010
En(tarde)cedo
Ontem dizem-me que saí tarde.
Não me lembro ao certo,
Por ter sempre tardia memória.
Mas se era assim tão tarde,
Como cheguei hoje tão cedo
À conclusão de que tardiamente
Ontem me afastei daquele lugar?
Não, talvez fosse cedo.
Sim.
Se cedo fora, então como explicar
A tardia hora em que percebi que
O cedo de ontem era o tarde de amanhã,
Ou que o amanhã de tarde ontem cedo despertou?
F.L.
sábado, março 20, 2010
sexta-feira, março 19, 2010
quarta-feira, março 17, 2010
Early Night Post (71) - Frühling ou a anunciação da Primavera
Süße, wohlbekannte Düfte
Streifen ahnungsvoll das Land
Veilchen träumen schon,
Wollen balde kommen
Horch, von fern ein leiser Harfenton!
Frühling, ja du bist's!
Dich hab ich vernommen!
ANUNCIAÇÃO
a deslizar, pausado, na planura.
Mensageiro moroso
dum recado comprido,
di-lo sem pressa ao alarmado ouvido
dos salgueirais:
a neve derreteu
nos píncaros da serra;
o gado berra
dentro dos currais,
a lembrar aos zagais
o fim do cativeiro;
anda no ar um perfumado cheiro
a terra revolvida;
o vento emudeceu;
o sol desceu;
a primavera vai chegar, florida.
terça-feira, março 16, 2010
Early Night Post (71)
"Não se tinham adaptado a uma existência comum, às alegrias das pessoas normais, a um destino mediano; viviam lado a lado com a mesma esperança sem nunca falarem nisso, ou porque não se apercebiam ou simplesmanete porque eram soldados ciosos do pudor das suas almas.
Se calhar também Tronk, provavelmente. Tronk seguia à risca os artigos do regulamento, a disciplina matemática, o orgulho da responsabilidade escrupulosa, e tinha a ilusão de que isso lhe bastava. Mas se lhe tivessem dito: será sempre assim enquanto viveres, sempre igual até ao fim, também ele teria despertado. Impossível, teria dito. Algo diferente terá de acontecer, qualquer coisa realmente digna, que nos permita dizer: agora, mesmo que tenha chegado o fim, paciência.
(...)
Parecia que tinha sido ontem, contudo o tempo não deixara de se dissipar com o seu ritmo imóvel, igual para todos os homens, nem mais lento para quem é feliz nem mais veloz para os desventurados.
Nem depressa, nem devagar, três meses tinham passado. O Natal já se dissolvera na distância, e também o novo ano chegara, trazendo por alguns minutos estranhas esperanças aos homens."
"O deserto dos tártaros", Dino Buzzati, Cavalo de Ferro, 2008, pp. 60-61 e
Dar
KZ- Gedenkstätte Neuengamme
Neuengamme KZ
"Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casas aquecidas,
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
(...)"
domingo, março 14, 2010
Pudera / Could I
Benjamin West, Omnia Vincit Amor aka The Power of Love in the Three Elements.
Pudera eu decidir e comandava o fim da tristeza, da angústia e do isolamento. Nomeava a esperança guardiã do Reino e o sorriso o seu fiel escudeiro. Pudera eu mandar e não mais verteria uma lágrima, não mais esboçaria um gesto de desânimo ou um sinal de fraqueza. Pudera eu reinar e amar-te-ia e tu amar-me-ias como inteiros, como Pessoas com brancos e negros, com escuridões escondidas atrás de portas de despensas. Pudera eu imperar sobre os homens e eles não mais se vergariam ao desmando, ao desprezo, à altivez do poder. Pudera eu soberanear e os únicos limites da Democracia seriam os limites do Homem. Sim, pudera eu mandar e o mundo seria diferente. Mas já não seria o mundo.
Could I decide and I would ordain the end of sadness, of anguish and of isolation. I would nominate hope the Kingdom’s guardian and smile its faithful shield-bearer. Could I command and I would no longer shed a tear, I would no longer outline a gesture of discourage or a sign of weakness. Could I reign and I would love you and you would love me as single pieces, as Persons with whites and blacks, with hidden darkness behind pantries’ doors. Could I domain over men and they would no longer have to bend over tyranny, contempt and powers’ haughtiness. Could I be a sovereign and the sole limits to Democracy would be Men’s limits.
Yes, could I command and the world would be different. But it would no longer be the world.