"Quando algo delicioso e irrecuperável se desvanece, temos certamente a sensação de ter acordado de um sonho. No meu caso, essa sensação é extraordinariamente verdadeira. Porque a minha felicidade se formava realmente do mesmo segredo que a felicidade dos sonhos, porque consistia na liberdade de viver todo o possível e imaginável em simultâneo, de confundir ludicamente exterior e interior, de deslocar tempo e espaço como bastidores. Tal como nós, irmãos da Ordem, viajávamos através do mundo sem carro ou navio, tal como conquistávamos o mundo abalado pela guerra e o transformávamos em paraíso através da nossa fé, assim criávamos o passado, o futuro e o imaginário no momento presente. (...)
As velas arderam até ao fim e extinguiram-se, sentindo-me invadido por um infinito cansaço e, voltando-me, parti para encontrar um lugar onde me pudesse deitar e dormir."
Herman Hesse - Viagem ao País da Manhã, Ed. Asa, pp. 26 e 89.
4 comentários:
Saúdo a escolha - Herman Hesse é um escritor a ler e reler..
As velas ardem até ao fim. Que elas sejam, enquanto duram, a luz que irradia cor e calor aos acontecimentos menos bons que vamos recordando!
Ah! Palavra de seminarista:))
filipelamas: o esclarecimento final não era necessário... ninguém tem já dúvidas de que tu foste e és seminarista de alma e coração!! ;-)
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