Por vezes acontece que gostamos tanto de um livro que não nos apetece falar sobre ele. Apetece-nos, isso sim, deixar derretê-lo na boca como se fosse um finíssimo chocolate do mais saboroso cacau de paragens recônditas.
Assim me aconteceu com a última obra de Saramago, A Viagem do Elefante. Genial. Mordaz. De um humor aveludado e cortante ao mesmo tempo. Prova de uma lucidez e de uma inteligência que resistem à idade e à doença. E não há nele nada de soturno, de triste. Só luz e sol. Apenas vida e riso.
Acrescente-se profundidade, patente em frases lapidares como esta:
(…) a representação mais exacta, mais precisa, da alma humana é o labirinto. Com ela tudo é possível. (p. 239)
Como com Saramago. Tudo é possível.
3 comentários:
Meu caro Dr. Filipe!
Essa foi a mais recente aquisição. Mas como há ainda uma história sobre um cerco a uma Lisboa para acabar de ler, o elefante continua de trombas, a fazer pilha na estante. A propósito da versão cinematográfica do "Ensaio sobre a cegueira", receio não ser tão optimista. Se o mal branco pegasse a sério, na humanidade que temos hoje e logo neste país, queira crer que seríamos bem piores do que as personagens que o visionário Saramago, apesar de tudo, criou.
Mas concordo com a sua observação fobre a fidelidade do filme face ao livro. No entanto, quem não o leu não conseguirá certamente aperceber-se de certos pormenores, "invisíveis" a quem não leu o mal branco.
Uma certa IP
Dr. Lamas!
Acabei ontem de ler a história do Solimão. Não chorei por pouco.
Um abraço
Uma certa IP
Devorado e aprovado também, estimado Professor!
Cumprimentos,
Ricardo
Enviar um comentário