Escuto
Escuto mas não sei
se o que oiço é silêncio
ou Deus
Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita
Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco
se o que oiço é silêncio
ou Deus
Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita
Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco
Sophia de Mello Breyner Andresen
9 comentários:
adoro a sophia. não só dos seus poemas, gosto da imagem serena que se propagava na sua simplicidade, na sua reserva. é das palavras simples, que tão bem usava, que me vem esta admiração, que me caiu no rosto uma lágrima quando ouvi a notícia da sua morte.
às vezes, e foi o que senti nesse dia, tenho a sensação que se perde um pouco a esperança à medida que as fontes de criação vão perecendo.não haverá outra sophia. é tão peremptório!
cheguei a ter um poema dela pintado na parede do meu quarto. gosto tanto dele. aqui fica:
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.*
Bonita homenagem à poetisa da Esperança que marca a geração dos meus avós pais minha e quiça de meu filho...Obrigado por esta homenagem ....e um sorriso por tão bom gosto
Wunderbar!
Uma justa homenagem à poetisa que escreveu:
A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
E, importa também lembrar:
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Muito me agrada ver que este post suscitou algumas palavras do caro fsp! ;-)
Quem é vivo sempre aparece!
É o que dá já ser Doutor:)))
Não só o poema [a Sophia tem aquele poder raro de ostentar uma beleza simples nas palavras], mas a fotografia também é magnífica.
Rtp como podes ver também comento posts teus.. muito bonito post aliás! Muito espirituoso está o nosso Filipelamas.. agora que sou "doutor" vou deixar de frequentar bloggs de meros mestres do direito..
Pois, muito bem, fsp! Muito obrigada!
Quanto à foto - único elemento da minha autoria - agradeço muito! Também me agradou e me pareceu que que por variadas razões assentava bem num poema tão lindo! :-)
Enviar um comentário