segunda-feira, maio 07, 2007

Fitas

Nas rubras fitas conjuguei o verbo amar.
Na tua capa preta rasguei o luar.
Do teu traje fiz sol e lua
onde sou coisa tua.
Na cartola escrevi Saudade,
pela bengala jurei só Verdade.
Nas lágrimas que hoje vertemos
condensamos tudo o que escondemos
ao longo de espinhos e mágoas,
risos, caretas e águas
límpidas de ribeiros imaginários
onde não há lugar pra corsários
que roubam sonhos infantis
a miúdos rechonchudos e pueris.

O tempo é meu,
o tempo é nosso!
Dá-me o teu
verso que é nosso!
Não há fontes, nem prantos,
nem medo dos entretantos.
O futuro é incerto,
mas não é breu!
Armado com a capa,
o mundo é teu!

Vai, esvoaça o sorriso!
Deixa as fitas transportar
a foz eterna pró mar!

F.L.

4 comentários:

Joaninha disse...

Como futuro é incerto... Mas, naquela altura, o futuro não nos ocupa a mente. É simplesmente um momento de profunda alegria conjugado, sabe-se lá como, com a tristeza de deixar para trás aqueles que foram, muito provavelmente, dos melhores anos da nossa existência!

rtp disse...

Belíssimas palavras conjugadas na perfeição!

Anónimo disse...

No tempo as imagens passaram,do passado para o futuro sendo sempre fugaz, o presente a vida pintada pelo poeta com a expressão que só ele sabe dar, um bom momento de inspiração e para reflexão....Muito obrigado Filipe

M. disse...

"Esvoaça o sorriso": que ideia bonita!
(E como agradecer as palavras tão simpáticas deixadas no Fotoescrita? Fico muito sensibilizada.)