segunda-feira, março 12, 2007

Viver comigo

Self-portrait, Andy Warhol, 1986, Guggenheim Museum, Nova Iorque.

Viver comigo
Em casamento que não conhece divórcio,
Em negócio irrevogável, irretratável e insufragável.
Cheirar-me, abraçar-me, sorrir-me.
Conteúdo contido numa pele
Escura, branca, amarela, parda.
Viver comigo
É amiúde dureza granítica,
Outras, leveza pungente.
Viver comigo
É pespegar-me numa esplanada
E conversar e rir
E chorar e perguntar
E ver simplesmente o tempo passar.
Viver comigo
É um dia amaro e triste,
Outro de(leite) e mel.
Viver comigo
É festa constante,
É fado sofrido.

Se viver comigo
Sentido tem,
Que ao menos seja p’ra viver contigo!

F.L.

8 comentários:

Anónimo disse...

Viva Filipe já estava com saudade de tão bem escrever ler, como sempre presenteias-nos com imagens dum quadro poetico de exlência...viver contigo será paixão ...? será razão....? ou simplesmente uma declaração mais que sentida à cidade que nos torna quem somos....?Parabéns gostei mesmo muito....Um grande Abraço

Toutinegra Futurista disse...

O Filipe e os seus textos, no seu melhor.
Já estão disponíveis as aventuras (perderam-se os comentários (razões de Estado assim o impuseram!!) mas os textos foram todos recuperados.
Um grande aabraço a todos no Tretas & Letras

Serenidade disse...

Boa tarde,
viver contigo não parece muito complicado, é um encontrar-se para depois "viver contigo"?
Gostei muito, ao abrir a página e ler o título do post no meu rosto ficou esboçado um sorriso que permaneceu até ao final da leitura, já se sabe bem porquê:):):).
Está de uma qualidade imprecionante, a foto excelente.

Beijos de luz serena

rtp disse...

Muito bem! Gostei de ler estes poemas inspirados! Eis que está de volta o genuíno poeta filipelamas! :-)

P disse...

Bom texto, Filipe.

filipelamas disse...

Obrigado a todos pela vossa simpatia! Cumpre dizer que o poema resulta de um desafio lançado pela colega blogger serenidade e que daqui lanço a todos o desafio de, se quiserem, escrever sobre a mesma temática. Até porque o meu passado de seminarista (:);)veio ao de cima na última estrofe... viver para os outros é sempre um gesto de altruismo (ou será de egoísmo?)...:)

Nelson Ngungu Rossano disse...

Temos que aprender a viver conosco não é.

Goste muito! =)

Abraço

S. disse...

Sempre achei que a beleza estava na simplicidade, na conjugação de palavras que estão ao alcance da mão e de tão reais vibram nas nossas próprias vivências. É uma brisa refrescante este poema, gostei de ler-lhe o sol e a sombra, os contrastes que tornam este viver contigo um pouco de ti uma viagem interessante. Parabéns pela escolha das fotografias, pelo jeito desprentensioso de ilustrar pensamentos e emoções, pela frescura que emana este teu recanto. Valeu a pena seguir-te até aqui =) Eu volto.

Beijinhos