Amolece o pão no alforge.
O dia ganha o cheiro de café acabado de fazer.
Os raios da manhã ditosa enobrecem o telhado de zinco.
Surges tu, luzidia, refulgente,
Magnífica em tons de magnólia que carregas ao acordar.
Passos lentos, sonolentos, de vida bem resolvida.
Pelos passos se conhece quem neles se equilibra.
O calcorrear dos teus dedos
Denuncia a infinitude da tua alma.
Dedos esguios, finos, esbeltos,
Dir-se-ia de artista se à mão pertencessem.
Mas o corpo não conhece fronteiras
Ou portagens de auto-estrada.
Não há cancelas a abrir, comboios a apitar.
Só gestos e afagos que o percorrem
Num imorredoiro peregrinar para o mar.
Mar? O dos teus olhos, azul, verde, castanho:
As marés vão e vêm,
Reflectindo areia revolta que devolve
O arco-íris de cor que é aura do teu Ser.
domingo, março 11, 2007
Cancelas
Railway Train Attacked by Indians, Theodore Kaufman, 1867, colecção privada.
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8 comentários:
tanto este poema como o «azinhaga» me fazem lembrar quadros de van gogh, as cores, as sensações e aromas. vou agora até ao campo, à aldeia da minha avó, e vou com a ânsia do café no forno a lenha,o teu poema no ouvido e a 'poesia inglesa', do pessoa, no bolso.tão lindas as tuas palavras.parabéns.
Que bom acordar assim: uma leve brisa, pão e café frescos, uma visão deslumbrante, um texto apaixonado...
Mais um excelente poema. Gostei especialmente do verso "pelos passos se conhece quem neles se equilibra". Quanta verdade!
Lindo!
"...Não há cancelas a abrir, comboios a apitar.
Só gestos e afagos que o percorrem
Num imorredoiro peregrinar para o mar.
Mar? O dos teus olhos, azul, verde, castanho:
As marés vão e vêm,"
Como me senti bem a ler-te!
Um abraço e bom domingo ;)
asw imagens na poesia correm como no quadro de Van Gogh como disse x, aliás meu pintor favorito, e ao correr tansmitem-nos fantasia, calma e esperança....Bem haja ao poeta que as transmite com tanta intensidade...Um abraço
Inspirado, muito bonito, mais uma vez, uma conjugação de palavras imprecionate.
A imagem, mais uma vez linda.
Beijos de luz serena
*impressionante
Belíssimo poema, Filipe, parabéns pela qualidade literária.
Eu vou passando mais vezes.
CSD
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