Na azinhaga do tempo
Encontrei um amuleto
De sangue e cianeto.
Dos seus ramos
Fiz pender frutos
De sonhos insanos,
De lutas enlutadas.
Na hora da colheita
Vi trabalhadores suados
Curados da maleita,
Dos trigos em vão malhados.
Rasguei o teu retrato,
Vi lúcido o passado,
Analisei solene o presente.
Cada pedaço de ti
Está agora sepultado
Como húmus da azinhaga.
O que daí florescer
(Se de flor se tratar)
Será por certo urze
Daninha e embaraçada.
Formosa flor é impossível ser.
Semente sadia não era.
Ganhei afastamento e profundidade.
Insignificante afinal era
O que há tanto me tolhia
E tão pouco ledo me trazia.
1 comentário:
Na azinhaga do tempo, o autor vai espelhando o seu talentoe maravilhando o leitor...
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