sábado, março 10, 2007

Azinhaga do tempo

Old Elms in Prater, Ferdinand Georg Waldmueller, 1831, Hamburger Kunsthalle, Hamburgo.

Na azinhaga do tempo
Encontrei um amuleto
De sangue e cianeto.
Dos seus ramos
Fiz pender frutos
De sonhos insanos,
De lutas enlutadas.
Na hora da colheita
Vi trabalhadores suados
Curados da maleita,
Dos trigos em vão malhados.

Na azinhaga do tempo
Rasguei o teu retrato,
Vi lúcido o passado,
Analisei solene o presente.
Cada pedaço de ti
Está agora sepultado
Como húmus da azinhaga.
O que daí florescer
(Se de flor se tratar)
Será por certo urze
Daninha e embaraçada.
Formosa flor é impossível ser.
Semente sadia não era.

Na azinhaga do tempo
Ganhei afastamento e profundidade.
Insignificante afinal era
O que há tanto me tolhia
E tão pouco ledo me trazia.

F.L.

1 comentário:

Jaime A. disse...

Na azinhaga do tempo, o autor vai espelhando o seu talentoe maravilhando o leitor...