segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Curtas sobre metragens - Diamante de sangue


Blood Diamond, Diamante de Sangue

Realização: Edward Zwick
Elenco: Leonardo Di Caprio, Jennifer Connelly, Djimon Hounsou
Argumento: Charles Leavitt
EUA, 2006
Sítio oficial: http://blooddiamondmovie.warnerbros.com

Nomeado para os Óscares da Academia, Blood Diamond não desmerece. Para além de uma realização cuidada, com pormenores interessantes ao nível das técnicas de filmagem por intermédio de câmaras de mão que conferem às cenas de guerra uma grande veracidade e mesmo crueldade, o filme vale, essencialmente, pelo acordar das consciências para o contrabando de diamantes que, em alguns países de África, são o sustentáculo económico de guerras civis, de matanças bárbaras e de jogos de poder e influência de que beneficia a Europa e a América do Norte.
O filme não exagera o tom do chamado “comércio justo”. Sendo certo que, quase no fim, quando Solomon Vandy (Djimon Hounsou) está em Londres onde vende o valiosíssimo diamante rosa que havia achado como escravo numa mina em Serra Leoa, somos confrontados com as vidas e as atrocidades que reluzem no dedo, no pescoço e no pulso de esbeltas senhoras, não há um exagerado tom recriminatório na película.
Di Caprio impressiona pela positiva. Danny Archer revela-se um filho de África na verdadeira acepção da palavra: “TIA” (This is Africa) é o mote que o leva a entrelaçar o seu sangue com a terra vermelha daquele continente esquecido e alvo da cobiça do mundo. Uma interpretação de muito bom nível, bem trabalhada e cheia de antíteses: o outrora soldado idealista da Rodésia (actual Zimbabwe), entretanto mercenário sem escrúpulos, transforma-se em alguém que, por via de uma jornalista americana (Maddy Bowen Jennifer Connelly) que ainda acredita na mudança do mundo, é capaz de um gesto final de altruísmo, também ele motivado por Solomon, no filme seu retrato oposto. Merecida a nomeação para melhor actor principal.
O drama das crianças-soldado é muito bem captado, por intermédio de Dia, filho de Solomon que, depois de ser raptado por um grupo de revolucionários (RUF), o transforma em “homem”, o enche de ideais sem sentido e o transforma em joguete nas mãos daqueles que da sua própria terra somente querem dinheiro e poder.
Na verdade, o mal de África é a enorme riqueza que nela existe.

5 comentários:

rtp disse...

Do filme - que é um bom filme - retive, para além da história, do alerta premente para a humanidade, da qualidade das interpretações que valeram (merecidamente) as nomeções para melhor actor principal e secundário, uma frase dita por Archer - num momento em que o dilema sobre a sua actuação futura relativa ao diamante o corroía (rectius corrompia). Perguntado se as pessoas são boas ou más, responde que as "pessoas são só pessoas". As suas acções é que são (por vezes) boas e (muitas vezes) más!
Palmas para o nosso Eduardo Serra, num trabalho muito diferentes daquele que nos tem habituado!

Unknown disse...

uma surpresa, sem dúvida. mas eu dava o Oscar ao DiCaprio pelo The departed.

Claudia Sousa Dias disse...

É bem provável,a julgar pelos relatos de várias pessoas que conheci e que já viveram em várias regiões desse continente.

Beijos


CSD

Cadelinha Lésse disse...

Há coisas curiosas, caro Sr. Filipe. No mesmo dia em que vi esse filme, eram divulgados em Paris números avassaladores: 250 mil crianças-soldado foram recrutadas, em 2006, para cenários de guerra em todo o Mundo. Não menos chocante foi saber-se que a Grã-Bretanha também obrigou 15 crianças a brincar aos soldados no Iraque, realidade confirmada por escrito pelo ministro da Defesa, Adam Ingram.

Gabriel Villa disse...

preciso ver. Está na lista...