Mastigar o ar que oprime
A explanação do ser.
Ser cavalo alado sem
Asas de anjo e
Sem chifres de diabo.
Recusar o maniqueísmo
De dias claros ou escuros
Na esperança de assim
Alcançar a redenção
Em teu regaço
Onde reencontro
A infância perdida (nunca vivida?)
E, inebriado pelo
Cheiro maternal leitoso,
Enfrento as hipocrisias mundanas,
A podridão das entranhas dos que me rodeiam
(Nada mais são que o espelho de mim
Reflectindo imagem levemente satírica
De alguém que se toma muito a sério).
É integrar frágeis pés de barro
Em corpo obeso e farto
Que se inclina como em Pisa,
Que estrondeia qual boneco de feira
E aos trambolhões disformes
Esgravata para o fim do
Percurso
Que foi somente estrada
De sentido único,
Bordejada por daninhas ervas
E por árvores copadas
De frutos e manás vedados
Em cruzamentos entrelaçados.
F. L.
8 comentários:
Finalmente o bálsamo poético que nos veio acalmar a sede! Parabéns pelo regresso (em grande) e pelo belo poema que «sorverei».
Subscrevo inteiramente as palavras da Rocky!
Curiosamente (ou não) filipelamas, o nosso GRANDE poeta (um dinossauro da poesia, no mínimo - :-)), verteu neste poema uma série de reflexões que perpassavam nos posts anteriores: "ser inteiro" que vai buscar a Pessoa não será o oposto de ser bailatino na acepção de Kundera? Sorver a vida de um trago, mas sem perder cada nuance de sabor que ela contém não irá de encontro às palavras de Dostoievsky?
Filipelamas caldeou tudo com o seu dom poético, e oferece-nos esta rica "infusão", que, como diz a Rocky, só temos de sorver para nos aquecer a alma!
lindo. sério, vc está progredindo a cada semana.
O Poeta chegou, com Força Vida Alma e Sentido, revejo-me bem nessas palavras passadas pelos sentidos no nosso Mundo.....Pura e simplesmente fantástico, Um grande abraço e obrigado por este regresso em grande
A leitura deste poema remeteu-me para a dimensão labiríntica da poesia ortónima pessoana. Aliás, como nos alerta o vate no final, depreende-se uma obliquidade entrelaçada na sua poesia. Poesia densa, viva e aturada numa sôfrega procura de redenção. Mas redenção de quê caro FL?
Seja (re)bem-vindo FL. A sua falta aqui neste processo "poético-bloguístico" consubstancia uma falta absolutamente insuprível, o que nos impede - ávidos leitores - de poder entrar no mérito da discussão da sua poesia.
Onde se lê «de poder entrar no mérito da discussão da sua poesia.»
deve ler-se:
«de poder entrar na discussão do mérito da sua poesia». :)
Obrigado a todos pelas vossas palavras.
Caro gbn: vejo que as aulas de DPC podem estar a ter algum êxito. Quanto à sua sagacidade, basta lê-lo. A redenção é, de facto, neste momento, um tema que me é muito caro. Um dia falamos disso...
Que grande regresso. Belíssimo.
j.g
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