A propósito do aniversário da mais antiga Associação de Estudantes do nosso País (fundada a 3/11/1887), e tendo sido eu, embora por pouco tempo e numa condição de pós-licenciado, estudante de Coimbra, cidade a que também me ligam especiais afectos familiares, confesso que – como dizem os brasileiros – “me bateu uma saudade” dos tempos em que envergava capa e batina.
Tive a felicidade de fazer parte de um grupo de alunos que foi abrir – literalmente – uma Faculdade que reclamava o direito a nascer há cerca de 80 anos. Tal facto, por si só, gerou entre nós um profundo laço de Amizade que, permitam-me o convencimento, não vou já observando hoje com muita frequência.
Permitiu ainda que fossemos entrosados na Universidade por praticamente todas as Casas e que, por isso, conhecêssemos malta de Medicina, Engenharia, Farmácia e, pasmem-se, até de Arquitectura… A recolha das mais diversas tradições académicas fez-nos gostar verdadeiramente da praxe, no que ela significou sempre para mim: integração e Amizade descomprometidas. Nada mais, mas também nada menos.
Quando vejo agora um estudante com a sua capa e, em imagem mais expressiva, as rubras fitas na pasta esvoaçando ao dobrar de uma esquina desta nossa amantíssima cidade, acodem-me ao espírito acordes que ouvi com os ouvidos da alma embargada em negro condizente com o trajo que envergava no último ano do curso. «Segredos desta Cidade/Levo comigo p’ra vida!».
Sim, a Saudade é uma palavra bem portuguesa…
3 comentários:
Para um intelectual que se espraia no romantismo, vai um segredo : " não é a praxe, é Coimbra".
Só ela possui as noites quentes que embriegam os sentidos, o pôr-do-sol visto dos Gerais. A liberdade sem Pais,nem tutela. A tertúlia noite fora especulando a existência e a filosofia. A rebeldia tornada lícita. É Coimbra .
Conheço mal Coimbra. Fiz as tertúlias filosóficas em Lisboa. Em cada cidade, o seu encanto. Aos de Coimbra agradeço a elegância dos trajes académicos. Aos de Lisboa, bem hajam pelo frenesim das noites a caminho do alto bairro depois de um jantar misturado com livros da faculdade.
Também eu fui atirada para a tradicionalmente académica Coimbra. Duas vezes. Uma como estudante, também já depois de o ser, e outra do outro lado da barricada.
Tenho a certeza que a sensação das duas situações não se compara a ter tirado por aqui o curso. Mas fica, pelo menos, a certeza, de que é, sem dúvida, uma cidade com muito encanto...
E que não venha a hora de despedida!
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