Na leitura - que constitui já um (bom) hábito – do programa da Casa da Música do mês de Outubro, um concerto atraiu a minha atenção: o de Natacha Atlas – pela fusão de tendências e miscelânea de sonoridades díspares (orientais, electrónicas, funk ...) que prometia. O facto de, em consultas sucessivas ao site da Casa da Música, me ter deparado com a notícia, a letras vermelhas, do cancelamento do concerto contribuiu para me familiarizar com o nome.
Mas foi o comentário de um amigo expert em música que me levou a comprar bilhetes para o concerto, entretanto reagendado para ontem, dia 9 de Novembro. Na verdade, num coffee break de mui sérios compromissos profissionais, o caríssimo Joe alvitrou que eu devia gostar da música de Natacha Atlas. Isso bastou para que não perdesse a oportunidade de a ver na cidade do Porto, e para convencer a culturalmente efervescente Rocky a acompanhar-me em mais esta aventura. Demos o tempo por bem empregue.
Mas foi o comentário de um amigo expert em música que me levou a comprar bilhetes para o concerto, entretanto reagendado para ontem, dia 9 de Novembro. Na verdade, num coffee break de mui sérios compromissos profissionais, o caríssimo Joe alvitrou que eu devia gostar da música de Natacha Atlas. Isso bastou para que não perdesse a oportunidade de a ver na cidade do Porto, e para convencer a culturalmente efervescente Rocky a acompanhar-me em mais esta aventura. Demos o tempo por bem empregue.
Nascida na Bélgica e criada em Inglaterra, a componente ocidental de Natacha ofusca-se sob as mais visíveis raízes egípcias. Estas revelam-se descaradamente nas suas feições, nas suas vestes e na sua voz. As letras que entoa são, na maioria, escritas em árabe.
Não conhecendo a discografia, foi preciso um par de canções para entrar em sonoridades tão diferentes. À terceira - "Ghanwah Bossanova" - já se tinham entranhado. E com "Adams Lullaby" senti-me docemente embalada.
Sobressaiu também a canção mais ritmada "Hayati Inta" e outra bem-humorada cujo nome não sei, mas em que algures, por entre vocábulos árabes, se ouvia insistentemente George Clooney (sim, o actor americano – para que não restassem dúvidas fomos brindados com o seu retrato e com a divertida explicação da inclusão do seu nome na letra: Natacha não encontrou mais nada que rimasse com os outros vocábulos árabes!)
Foi muito bom ouvir o "Black is the colour of my true love`s hair" de Nina Simone na voz de Natacha e emoldurado por musicalidade oriental. Apreciei também a sua versão de "Mon amie la rose", de Françoise Hardy.
Mas, houve dois momentos de beleza maior e de emoção superior. Por um lado, aquele em que, na sala Guilhermina Suggia, se ouviu o adágio inspirado numa mesquita de Istambul (qual Alhambra de Sevilha!), onde se vê claramente visto o cruzamento do mundo muçulmano com (vestígios de) o mundo cristão. Esta canção (a – quase - sobreposição entre a mais próxima Ave Maria, gratia plena Dominus tecum e belos versos indecifráveis em árabe) é soberba! É um hino à diversidade cultural e à sã convivência inter-cultural. O outro momento estava reservado para o final, quando Natacha cantou uma canção com 3000 anos e muito conhecida em terras árabes.
Bem, quando digo final... tenho de precisar que houve 4 encores, tal o entusiasmo do público e a entrega de todos os músicos.
Os oito elementos que estiveram em palco revelaram-se, também, muito simpáticos. Natacha procurou expressar-se da forma mais compreensível para todos, ora arranhando o espanhol, ora usando timidamente o inglês, ora, a espaços, o português (nos muitos "Obrigada" que disse), numa mistura que arrancou muitos sorrisos a ela, aos músicos e ao público. Mostrou, também, um pouco da graça da bailarina que foi nos primeiros anos da sua carreira, com alguns momentos de dança do ventre.
Gostei MUITO do concerto! Apreciei em particular as músicas mais calmas. Talvez por as vozes orientais traduzirem com maior intensidade o sentimento e o lamento
Concluindo (que o post já vai longo): Em meu nome e da Rocky, um MUITO OBRIGADA ao Joe pela dica e um BRAVÍSSIMO à Natacha, ao primo (com um vibrante momento intrumental a solo), ao pianista/maestro/interprete/apresentador, à violinista-compositora, à Clara (tem uma voz magnífica) e já agora aos outros 3 elementos (não sei os nomes, mas estou desculpada, pois a Natacha também não sabia o nome de alguns!). E, para o caso de a Natacha consultar este blog e ler este post – facto que é MISH MAOUL – dizemos-lhe, parafraseando-a: calor, tua voz, tuas canções, calor! :-)
Não conhecendo a discografia, foi preciso um par de canções para entrar em sonoridades tão diferentes. À terceira - "Ghanwah Bossanova" - já se tinham entranhado. E com "Adams Lullaby" senti-me docemente embalada.
Sobressaiu também a canção mais ritmada "Hayati Inta" e outra bem-humorada cujo nome não sei, mas em que algures, por entre vocábulos árabes, se ouvia insistentemente George Clooney (sim, o actor americano – para que não restassem dúvidas fomos brindados com o seu retrato e com a divertida explicação da inclusão do seu nome na letra: Natacha não encontrou mais nada que rimasse com os outros vocábulos árabes!)
Foi muito bom ouvir o "Black is the colour of my true love`s hair" de Nina Simone na voz de Natacha e emoldurado por musicalidade oriental. Apreciei também a sua versão de "Mon amie la rose", de Françoise Hardy.
Mas, houve dois momentos de beleza maior e de emoção superior. Por um lado, aquele em que, na sala Guilhermina Suggia, se ouviu o adágio inspirado numa mesquita de Istambul (qual Alhambra de Sevilha!), onde se vê claramente visto o cruzamento do mundo muçulmano com (vestígios de) o mundo cristão. Esta canção (a – quase - sobreposição entre a mais próxima Ave Maria, gratia plena Dominus tecum e belos versos indecifráveis em árabe) é soberba! É um hino à diversidade cultural e à sã convivência inter-cultural. O outro momento estava reservado para o final, quando Natacha cantou uma canção com 3000 anos e muito conhecida em terras árabes.
Bem, quando digo final... tenho de precisar que houve 4 encores, tal o entusiasmo do público e a entrega de todos os músicos.
Os oito elementos que estiveram em palco revelaram-se, também, muito simpáticos. Natacha procurou expressar-se da forma mais compreensível para todos, ora arranhando o espanhol, ora usando timidamente o inglês, ora, a espaços, o português (nos muitos "Obrigada" que disse), numa mistura que arrancou muitos sorrisos a ela, aos músicos e ao público. Mostrou, também, um pouco da graça da bailarina que foi nos primeiros anos da sua carreira, com alguns momentos de dança do ventre.
Gostei MUITO do concerto! Apreciei em particular as músicas mais calmas. Talvez por as vozes orientais traduzirem com maior intensidade o sentimento e o lamento
Concluindo (que o post já vai longo): Em meu nome e da Rocky, um MUITO OBRIGADA ao Joe pela dica e um BRAVÍSSIMO à Natacha, ao primo (com um vibrante momento intrumental a solo), ao pianista/maestro/interprete/apresentador, à violinista-compositora, à Clara (tem uma voz magnífica) e já agora aos outros 3 elementos (não sei os nomes, mas estou desculpada, pois a Natacha também não sabia o nome de alguns!). E, para o caso de a Natacha consultar este blog e ler este post – facto que é MISH MAOUL – dizemos-lhe, parafraseando-a: calor, tua voz, tuas canções, calor! :-)
9 comentários:
Depois deste post tão expressivo, que mais posso eu dizer? Em primeiro lugar, quero renovar os agradecimentos já formulados ao Joe, pela excelente dica que deu a rtp, e a esta por me ter convidado para o concerto. Em segundo lugar, dizer que, depois de um conjunto de músicas em que estranhei Natacha Atlas, rendi-me completamente ao seu timbre de terras longínquas, à alegria de algumas músicas, à tristeza soluçante de outras e à pacífica e frutuosa convivência com outras culturas musicais. Apenas fiquei com pena de não ouvir novamente num dos 4 encores o adágio que rtp referiu, apesar do meu pedido (mais ou menos contido...). Ficou a vontade de conhecer mais.
É verdade. Temos de conhecer mais... procurar uns cd`s, articular estratégias para não adquirirmos os mesmos (a menos que se trate de uma borla, claro!).
Só mais uma coisita, pensei que a menina se ia pronunciar sobre o epíteto "culturalmente efervescente"´...
Culturalmente efervescente? Também não preciso exagerar! Acho que esse epíteto cairia que nem uma luva em ti... mas não há dúvida de que em noites como a de ontem a efervescência abundou!
hummmm, o que eu perdi!
Ainda bem, que gostaram, foi pena não nos termos encontrado por lá. Eu também gostei muito.
Quanto às "estratégias para não adquirir CD's", talvez eu possa dar uma ajudazinha - ou até mesmo quatro ajudazinhas, if you know what I mean... ;)
E para quem está longe da Casa da Música e de manifestações culturais diversas, no sentido mais alargado? Vai-se vivendo, para dentro, com as palavras. Talvez, às vezes, elas não bastem mas... vive-se co o que se tem (momento de insularidade cultural...)
Pois! Tem razão Baudolino ... a insularidade cultural é, sem dúvida, penosa. A verdade é que a Casa da Música com a sua interessante programação tem sido um factor decisivo de combate à insularidade de que a própria cidade invicta padecia (e ainda vai padecendo!)
Agora é a minha vez de dizer que descrições como esta quase nos fazem dispensar uma ida à Casa da Música... Em época de contenção de despesas, o T&L realiza um verdadeiro serviço de interesse público. Para quando um subsídio do Ministério da Cultura, rtp?
Muito obrigada, pelo elogio. Mas nada substitui aquela experiência tão tocante! Foi mesmo muito bom!
Quanto ao subsídio, estamos a trabalhar nisso... E se fosse um protocolo? Essa já é a pasta do senhor Magister! :-)
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