Robert Braithwaite Martineau, Kit's First Writing Lesson, 1852.
Na folha lisa e escorreita,
O lápis afiado e porfiador
Elabora percursos mansos
Em sinuosas ruas que se espraiam.
Escrever é desagrilhoar
O pó da memória em vão acumulado
E gritar,
E dizer alto,
Que revolta nos acomoda o peito,
Que afago nos acaricia a alma.
Escrever é arrojar o Futuro.
Ao alcance de um artigo,
De um pronome,
De um verbo.
Verbo é “criar”,
O início de tudo,
A sedição,
A ociosidade das palavras.
Tresfolgo a escrita
De um trago.
Acre, por vezes,
Libertador, sempre.
O ar está abarrotado de palavras.
As mais infalíveis estão, contudo,
Em bolsos de pequenas crianças,
De mãos rosadas e roliças,
Que as retiram em movimentos loquazes
E as levam à boca como rebuçados
Inspiradores da candura da infância.
Tu, Criança,
És quem melhor descreve o mundo,
Porque tu és a vagem verde viçosa
De uma aurora que não distingue nuvens.
F.L.
4 comentários:
a pergunat que se impõe é:
Quem é FL ?
Será um FLicheiro Secreto....
"Tresfolgo a escrita
De um trago.
Acre, por vezes,
Libertador, sempre"
Bonito!
Escrever é, tão somente, SERMOS. Ou não. Dependerá da frebre de alma que transborda para o papel.
Você, alma que assim escreve, merece um enorme BEM HAJA por existir no mundo da blogosfera!
Não é habitual voltar a escrever depois de um post de poesia, contudo, as palavras imerecidas levam-me a agradecer e a dizer que eu é que estou em dívida pelo facto de terem paciência de ler o que escrevinho...
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