sexta-feira, novembro 17, 2006

Early Night Posts (10)

Pormenor da Cúpula da Rathaus em Potsdam

"Ao contrário de Parménides, parece que Beethoven considerava o peso como algo de positivo. (...) o peso, a necessidade e o valor são três noções intima e profundamente ligadas: só é grave o que é necessário, só tem valor o que pesa.
A origem desta convicção situa-se na música de Beethoven e, (...), hoje quase todos nós a partilhamos: para nós a grandeza de um homem reside no facto de carregar com o destino como Atlas carregava aos ombros a abóbada dos céus. O herói beethoviano é um alterofilista de pesos metafísicos."

Milan Kundera, "A insustentável leveza do ser", Publicações Dom Quixote, 1998, p. 43.

8 comentários:

ELA disse...

"A Insustentável leveza do Ser". Escolha genial. Parabéns. A leveza do ser obtem-se, com custo, com tempo. Mesmo assim, pode ser insustentável porque nos eleva ao que realmente É. A isso chegam muito poucos.

rocky disse...

Ah! Que manhã tão kunderiana no t&t!
Infelizes os que caminham a estrada vital sem apanhar os grãos de areia que sedimentarão e formarão uma obra nova! Felizes os que transformam o peso complexo dos sedimentos na leveza da simplicidade!

rtp disse...

Bem... a nossa Rocky! O próximo passo é ... escrever poesia! :-)

rocky disse...

Curioso... Eu pensei que dirias: "o próximo passo é... escrever um sermão!" ;-)

rocky disse...

Claro que só os peixes estariam dispostos a ouvir-me...

rtp disse...

Óh, não digas isso. Sempre tão modesta! Não eram só os peixes ... também os moluscos, os anfíbios, os crustáceos ... e todas as espécies de habitantes do mundo marítimo e fluvial!

rocky disse...

Claro que assim já o caso muda de figura! Espécies habitantes do mundo marítimo e fluvial, preparai-vos!

filipelamas disse...

Beethoven tem, de facto, um peso intrínseco na sua música e na sua personalidade. Qualquer das suas sinfonias deixam-me esmagado como se me atirassem o mundo sem que o conseguisse conter. Kundera era mesmo um homem sábio.