segunda-feira, agosto 14, 2006

Condição humana


René Magritte, La Condition humaine, 1934, colecção privada.


Nos vales escarpados do teu corpo

De água desesperada pelo mar,

Depositou ele todas as munições do verbo “amar”,

Levantando sobre leiras e em vãs estacas

O silêncio comprometido de outrora,

E num abraço eterno venceu a aurora.

-Astro fosforescente,

Em dias de sol ardente,

Transformaste o homem retraído

Em glória do momento protraído!

E esse que ora em teu ombro repousa,

É sombra de dia nunca nascido

Ou realidade escrita em lousa

Da escola do afago prometido?

-Moldei-te ao meu feitio!

-Erro humano do mais ímpio gentio…

-Deixa, é bálsamo de ilusão!

-Que sejas sempre amputada de razão…

5 comentários:

Anónimo disse...

lindissimo....i´m speechless.

anakrida disse...

"Nos vales escarpados do teu corpo
De água desesperada pelo mar,
Depositou ele todas as munições do verbo “amar”"

munições essas que são depositadas por vezes em vão, ditas com tanta naturalidade quanto as folhas da árvores caiem no outono,
disparadas em todas as direcções simplesmente a ver se atingem alguém... não é assim o amor!
o amor, não se caça: conquista-se!

um beijo,
Ana Querido

filipelamas disse...

É verdade, mas o depósito das munições não implica que tenha sido disparada a "arma" ao calhas! Obrigado pelas tuas palavras!
Beijos,
Filipe

Anónimo disse...

Muito bonito.

João Norte

Anónimo disse...

Muito bem! :-)