sábado, julho 29, 2006

Sombra



Revê-se no sorriso de açúcar da criança
Agachada por trás dos arbustos,
Rodeada de serafins e de querubins.
Implora a pureza de outrora
Que em vão hoje perscruta
No olhar dos que o cercam.

A ave que sobre ele voa
Impende uma sombra
Seráfica e nobre
Que o não deixa de cabeça erguida
Olhar o céu.

Avança e recua,
Debalde procurando fintar o monstro,
Quando o Sol sobre a Lua se abate

Em piruetas de borboleta
De mil cores enfeitada
E que no seu ombro repousa.

- És tu, Dia?
- Não, apenas sou o que segue a Noite.


Pintura de Vincent van Gogh, Starry Night Over the Rhone, 1888, Musée d'Orsay

5 comentários:

rtp disse...

Poema MUITO lindo!! Combina com um dos quadros que mais aprecio de Vincent van Gogh. Até desrespeitei as proibições do Musée d`Orsay, para lhe tirar uma foto... que acabou por não ser aproveitável!?

filipelamas disse...

Por vezes vale a pena infringir as regras...mesmo que não seja muito pedagógico dizê-lo... Se um amigo comum for chamado a julgar, ele lá arranja maneira de transformar a infracção em queijo:))

rtp disse...

yes! Com recurso a quaisquer palavras de vime! Ás vezes dão jeito! ;-)

Claudia Sousa Dias disse...

Adoro o azul noite de Van Gogh interrompido por pinceladas estratégicas de luz que coferem à noite a magia daqueles que a amam.


CSD

Gabriel Villa disse...

Muito bom o SEU blog! Isso é que é poesia. Realmente a nossa língua portuguesa é riquíssima.
Parabéns do Brasil