sexta-feira, dezembro 30, 2011
domingo, dezembro 25, 2011
Típica mensagem
Com o aproximar do fim do ano, é também tempo de balanço e de perspetivar o futuro, ainda que saibamos, muitas vezes que quase só por "milagre" vamos cumprir algumas resoluções de ano novo. Da minha parte, fazer desporto é sempre um voto que vou esquecendo e que me faz falta agora que a barriguinha dos trinta vai fazendo das suas... Pode ser que este ano... Naaaaa...
Foi um ano muito intenso. Provavelmente o mais intenso que me foi dado viver. E como tudo o que é intenso, vivi numa espécie de montanha russa que me distraiu, aqui e além, do grande objetivo profissional que tem mesmo de me guiar, sob pena de ter de procurar um novo emprego... Logo, este ano terá de ser de focagem nessa coisa que tanto trabalho dá e que muitas vezes é muito pouco agradável de fazer... Mas enfim! Antes isto que partir uma perna!
2012 também será de confirmações ou infirmações a outros níveis, como sempre sucede. Não há grandes armas novas para os enfrentar... Ou se calhar há e eu não conheço... Enfim, vai-se decidindo caso a caso, esperando menos para receber mais e ser mais surpreendido.
Estou a ficar lamechas e chato, por isso, despeço-me com aquele abraço amigo a desejar
um feliz Natal e um ano de 2012 com poucas "troikadas"...
André
sexta-feira, dezembro 23, 2011
Nanni(smo)
A ideia central do filme é bastante inovadora: um Papa eleito que sofre um ataque de pânico na altura de se assomar à varanda do Palácio Apostólico da Praça de São Pedro e que enfrenta uma profunda crise quanto às suas reais capacidades para assumir a cadeira de Pedro. Uma novíssima maneira de encarar os conclaves, o secretismo envolvente e os jogos de poder amplamente tratados pela filmografia, desde logo com “As sandálias do Pescador”.
Todavia, Nanni Moretti fica alguns furos abaixo do que nos tem habituado. Falta intensidade dramática ao filme e ao personagem para ser um drama e falta muita ironia para estarmos perante uma comédia. Não adianta colocar cardeais e alguns bispos a defrontarem-se num torneio de voleibol, nem tão-pouco o discurso peripatético do psiquiatra desempenhado pelo próprio realizador.
Estamos sempre à espera de mais, de um «volte-face» e o final, apesar de não ser surpreendente, cai mal pela falta de preparação dos espetadores. Falta uma reflexão sobre a luta interior do Papa eleito e, até (porventura fosse pedir demais…) alguma crítica à orgânica e posicionamento da Santa Sé. Lá se vai dizendo pela boca do Papa confundido que muita há a mudar, mas nada mais. Porventura produzir o filme em Itália tenha funcionado como algo que coarta a liberdade artística.
Porém, se é assim, Nanni Moretti está a perder qualidades. O que é, manifestamente, uma pena.
quinta-feira, dezembro 22, 2011
quarta-feira, dezembro 07, 2011
A marca na pele de um estilo
Prova o realizador, uma vez mais, que o cinema europeu não tem de ser chato para ser profundo, não tem de ser escuro para tratar de questões complexas. Almodóvar permanece encantado com a loucura humana, com o sentimento de perda que a morte sempre provoca e com a miríade de matizes que todos nós encontramos para com ela lidar. Umas mais saudáveis, outras, como aqui, do reino do patológico.
Dir-se-ia, ademais, que o realizador encontra a modernidade ou que esta última, por fim, alcançou Alomodóvar. As manipulações transgénicas, a mudança de sexo (ainda que forçada), a habituação a um corpo novo, a uma pele resistente ao fogo, nada mais são que metáforas modernas de angústias seculares: como reconhecermo-nos no e pelo corpo em que habitamos?
A resposta parece estar na frieza e na crueldade como nos vamos tratando nestes tempos que se dizem “civilizados”. A proposta do argumento passa, todavia, por uma crítica mordaz das relações humanas, por uma espécie de odor pútrido de carne que, de tanto feder, ameaça consumir a alma.
Excelente representação de Elena Anaya e bom papel de Banderas, neste reencontro com Almodóvar passados vinte anos de películas tão ousadas quanto polémicas.
Ah! Claro! O sexo. Esse continua em A pele onde eu vivo. Não poderia deixar de gritar “presente” na filmografia a que nos referimos. Porém, é agora mais suave, mau grado cenas que poderiam ser menos explícitas. Não por um qualquer puritanismo serôdio, que “não nos assiste” (expressão tão em voga…), mas apenas e tão-só porque o velado é, quase sempre, mais provocante e produtor de fenómenos imaginários mais profundos.
Confesso que abandonei a sala com um estranho aperto. Não na pele, mas em todo o peito. Porventura ainda não estarei bem na pele em que habito ou, talvez, hipótese mais provável, seja apenas o efeito de Almodóvar que tanto admiro: nunca me deixar indiferente ao que realiza, ao invés do “mundo maravilhoso de Hollywood”.