A ideia central do filme é bastante inovadora: um Papa eleito que sofre um ataque de pânico na altura de se assomar à varanda do Palácio Apostólico da Praça de São Pedro e que enfrenta uma profunda crise quanto às suas reais capacidades para assumir a cadeira de Pedro. Uma novíssima maneira de encarar os conclaves, o secretismo envolvente e os jogos de poder amplamente tratados pela filmografia, desde logo com “As sandálias do Pescador”.
Todavia, Nanni Moretti fica alguns furos abaixo do que nos tem habituado. Falta intensidade dramática ao filme e ao personagem para ser um drama e falta muita ironia para estarmos perante uma comédia. Não adianta colocar cardeais e alguns bispos a defrontarem-se num torneio de voleibol, nem tão-pouco o discurso peripatético do psiquiatra desempenhado pelo próprio realizador.
Estamos sempre à espera de mais, de um «volte-face» e o final, apesar de não ser surpreendente, cai mal pela falta de preparação dos espetadores. Falta uma reflexão sobre a luta interior do Papa eleito e, até (porventura fosse pedir demais…) alguma crítica à orgânica e posicionamento da Santa Sé. Lá se vai dizendo pela boca do Papa confundido que muita há a mudar, mas nada mais. Porventura produzir o filme em Itália tenha funcionado como algo que coarta a liberdade artística.
Porém, se é assim, Nanni Moretti está a perder qualidades. O que é, manifestamente, uma pena.
2 comentários:
Ummm...parece que vou ver antes o Almodóvar.
E, já agora, um Feliz Ano de 2012. O desporto pode ficar nas promessas (a minha dieta também) mas a tese, essa tem de sair, ok?
Abraço
HM
Permite-me discordar, deixando aqui uma ideia simples: o filme não é sobre Papas, muito menos sobre o Vaticano. A ideia do filme podia ser contada com um Presidente de um clube de futebol, de uma associação de pais ou de uma Camara Municipal. Tenta ver sobre este prisma, e acredito que depois vais encontrar a genialidade do filme. É dos melhores filmes do Moretti.
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