Sinto-te nas minhas veias que latejam,
surpreendo-te nas íngremes escadas da Ribeira,
murmuro “amo-te” quando te espreguiças na Foz,
prostro-me em adoração quando, de Gaia,
contemplo com olhos marejados o casario.
Lavo minh’alma nas alvas roupas
que gente de sotaque carregado
lavou com suor, algumas lágrimas e
uma pitada de orgulho por diferente
se respirar o peso granítico do ar.
Surpreendo-te namoradeiro e rapioqueiro
em ruas de má fama, em pregões desafinados,
em eternos queixumes contra os malandros de Lisboa.
Vivo e convivo com as tuas imperfeições,
esconjuro a tua amiúde pequenez,
o teu provincianismo paroquial.
Logo me dou conta que não fazes por mal,
que são espinhos teus erros,
que mora em ti um coração de Rei que, apaixonado,
to legou e te aclamou invicta.
Sim, Porto, és mesmo tu
quem tanto amo!
Sim, Porto, és mesmo tu
quem se entrelaça no meu ser!
F.L.
Sem comentários:
Enviar um comentário