sábado, fevereiro 12, 2011

Vivam os auscultadores!

Em Portugal, na Alemanha, em todo mundo dito «civilizado», cada vez as pessoas se permitem menos tempo para escutar o silêncio. Escondem-se atrás de «headphones» a toda a hora, na rua, nos transportes públicos, a estudar, a trabalhar, a praticar desporto...
Parece que tememos cada vez mais estar connosco próprios, como se isso fosse demasiado assustador. Ouvir as vozes que ecoam de dentro não é fácil, mas é extremamente necessário. Imagino como farão os mais maníacos desta obsessão anti-silêncio com o sono. Será que também adormecem ao som de música ou de televisão?
Estamos cada vez mais civilizados, dizemos e dizem-nos. Sentamo-nos em cafés de cadeias internacionais do tipo «Starbucks», numa qualquer cidade europeia há poucas décadas atrás quase inacessível para um vulgar tuga. E lá estão os auscultadores...
Bem, com todas estas tretas tirei os ditos cujos e já não me posso ouvir... Vou voltar aos auscultadores e a textos bem interessantes...
A bem do meu sossego interno...

3 comentários:

rtp disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rtp disse...

Curiosamente e, como até se depreende do final do teu post (e do comentário da Carla), julgo que o uso dos ditos auscultadores, com frequência, não é sinal de medo do silêncio, antes representando a busca de uma espécie de silêncio. As sociedades ditas civilizadas são - até como resultado de tudo aquilo que representa o seu nível civilizacional - muito ruidosas. E o uso de auscultadores permite escapar dessa profusão de barulhos, propiciando-nos a ocasião / concentração para a leitura, a reflexão e, também, para escutar a voz* interior de que falas. Daí que nas bibliotecas desse país civilizado, apesar de haver um cumprimento escrupuloso da regra do silêncio, a maioria das pessoas use auscultadores.

* Aliás, tu falas em vozes interiores: suponho que te referirás às vozes do "eu" e do "mim" sempre em contradição... :-)))

Gante disse...

há pessoas que têm um medo terrível de enfrentar a solidão, de estarem sozinhas consigo mesmo. Mas eu acho que é preciso sabermos estarmos primeiro connosco para estarmos com os outros, porque a longo prazo pode ter consequências muito más não nos conseguirmos aturar a nós próprios... embora também eu adoro ter sempre um background musical para tudo :)