L`Espoir Rapide, Réné Magritte, Hamburg-Kunsthalle
"Todos descobrem, mais tarde ou mais cedo na vida, que a felicidade perfeita não é realizável, mas poucos se detêm a pensar na consideração oposta: que também uma infelicidade perfeita é, igualmente não realizável. Os momentos que se opõem à realização de ambos os estados-limites são da mesma natureza: derivam da nossa condição humana, que é inimiga de tudo o que é infinito. Opõe-se-lhe o nosso sempre insuficiente conhecimento do futuro; a isto se chama, num caso esperança; no outro, incerteza do amanhã. Opõe-se-lhe a certeza da morte, que impõe um limite a qualquer alegria, mas também a qualquer dor."
"Todos descobrem, mais tarde ou mais cedo na vida, que a felicidade perfeita não é realizável, mas poucos se detêm a pensar na consideração oposta: que também uma infelicidade perfeita é, igualmente não realizável. Os momentos que se opõem à realização de ambos os estados-limites são da mesma natureza: derivam da nossa condição humana, que é inimiga de tudo o que é infinito. Opõe-se-lhe o nosso sempre insuficiente conhecimento do futuro; a isto se chama, num caso esperança; no outro, incerteza do amanhã. Opõe-se-lhe a certeza da morte, que impõe um limite a qualquer alegria, mas também a qualquer dor."
Primo Levi, "Se isto é um homem", Teorema, 2009, p. 15
2 comentários:
Uma excelente e muito lúcida maneira de encarar a sempre eterna busca da felicidade!
Estas observações revestem-se de um significado especial, na medida em que surgem na sequência da reflexão sobre (e experiência, pelo Autor, da) a infelicidade atroz nos campos de concentração...
Mais do que a consideração da "mais comum" busca quotidiana da felicidade,o Autor reflectia sobre a condição humana - tão limitada e finita, não só na prossecução da felicidade, como também na concretização da infelicidade.
O livro "Se isto é um homem" é impressionante. Pelo relato - na primeira pessoa - da negritude da realidade dos campos de extermínio (que vamos conhecendo doutros livros, filmes, documentários, ...), mas sobretudo pelas reflexões do Autor motivadas pelo processo de desumanização que viveu.
Enviar um comentário