“O homem sobre quem escrevo não é célebre e talvez nunca o chegue a ser. É possível que ao atingir o fim da vida, não deixe, da sua passagem pela Terra, vestígio maior do que aquele que a pedra, atirada ao rio, deixa na superfície das águas. (…). Mas é possível que a singular força e doçura do seu carácter tenham uma influência sempre crescente sobre os seus semelhantes (…)”
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“Larry ouviu-me com os olhos fixos no meu rosto, sem pestanejar, e, não sei porquê, a sua expressão contemplativa levou-me a pensar que ele escutava, não com os ouvidos, mas com algum órgão auditivo mais sensível e mais íntimo. (…)”
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“Que procura nesses livros? – perguntou-me.
- Se o soubesse, estaria pelo menos a meio do caminho.
- Se o soubesse, estaria pelo menos a meio do caminho.
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“Soprava um forte mistral e a baía, em geral tão lisa, estava salpicada de espuma branca. Os barcos de pesca baloiçavam-se suavemente. O sol brilhava esplendorosamente e, como sempre acontece quando há mistral, todos os objectos pareciam mais nítidos, como se fossem vistos através de lentes admiravelmente enfocadas. Emprestava uma vitalidade latejante, enervante, a tudo o que a gente via. (…) [Larry] Continuou em tristonho silêncio, que não quis perturbar. (…)
- Shri Ganesha costumava dizer que o silêncio também é conversa – murmurou.”
- Shri Ganesha costumava dizer que o silêncio também é conversa – murmurou.”
Somerset Maugham, O fio da navalha, Editores Associados, s.d., p. 7, p. 128, p. 217, pp. 253 e 254.