sábado, agosto 30, 2008
Filho de peixe...
Quem não se queixou nada foi a figura dos Jogos: o grande (literalmente falando!) Michael Phelps.
Sabe-se agora que esta paixão por chegar sempre primeiro vem de longe...
Filho de peixe...
quinta-feira, agosto 14, 2008
domingo, agosto 10, 2008
Mário Cláudio, "Boa Noite, Senhor Soares"
Mário Cláudio, Boa Noite, Senhor Soares,
Publicações Dom Quixote, Lisboa: 2008, 10 €.
Ainda não tinha lido nada de Mário Cláudio. Estreei-me agora com o “Boa Noite, Senhor Soares”. Uma excelente estreia!
A ideia é original: como veria um jovem companheiro de trabalho de Fernando Pessoa esse ser misterioso, sério, quase sombrio, tantas vezes austero e outras demasiado humano? Se a isto acrescentarmos o facto de Mário Cláudio cobrir a personagem com o véu de um outro nome – Senhor Soares –, com uma diversa profissão (tradutor de uma empresa comercial e habilidoso na arte de guarda-livros), temos o ambiente criado para uma história de desenvolvimento de um jovem homem que vai crescendo a admirar aquela criatura tão culta, a com ela sonhar durante a velhice e, até certo ponto, a desejar a sua redenção através do Senhor Soares.
O Autor não foge, embora de jeito subliminar, a questões como as da orientação sexual do Poeta, da sua solidão ou até de certos comportamentos erráticos. Tudo em linguagem clara, cristalina, aqui e além colando-se ao estilo pessoano. Sente-se Lisboa, as suas ruelas, o Bairro Alto, a pequenez e a alegre e honrada pobreza de um Portugal ainda mais atrasado, situado nas décadas de 20 em diante do passado século.
Morre o Senhor Soares. Um cortejo de heterónimos desfila ao lado de excelsos desconhecidos. O narrador sobrevive uma velhice como tantas outras. Uma sensação de dever cumprido enche-nos a alma.
Como “bónus”, o leitor é presenteado com a versão da “Medeia” de Eurípedes por Mário Cláudio. Boa ideia original: Medeia é uma decadente actriz em busca de subsídio do Ministério da Cultura, digerindo o facto de Eurípedes a ter transformado para sempre na horrível mulher que, por despeito em ter sido trocada, mata os seus filhos.
Boa ideia, de facto, mas pobre desenvolvimento, principalmente num monólogo em que se vive da extrema força que o texto deve conter. O desafio era enorme e Mário Cláudio parece ter acusado o nível de exigência.
sábado, agosto 09, 2008
quinta-feira, agosto 07, 2008
Melpo Mene, I Adore You
Vale bem a pena, para apaixonados e não apaixonados... e não deixem de reparar no trabalho gráfico do vídeo.
Lavagante, José Cardoso Pires
Lavagante, Encontro Desabitado, de José Cardoso Pires, corresponde a um conto que o Autor escreveu e que soa agora, anos após a sua morte, vê a luz do dia.
Escrito sob a divisa napoleónica “É necessário cometer algumas imprudências, mas convém que sejam devidamente calculadas”, trata-se de uma pequena novela passada na Lisboa salazarista, em que um amor proibido entre um alto quadro e uma jovem universitária acaba da maneira mais realista que podíamos imaginar. A comparação com o lavagante, o qual vai alimentando o safio que se mantém em pequenas grutas até atingir dimensões tais que o impedem de sair, altura em que o lavagante mata e se alimenta da sua iguaria tão diligentemente tratada, é uma constante. Tal como o animal, também algumas pessoas vão alimentando relações até que o outro não se conseguir libertar de algo que deixa de ser positivo e passa a ser uma prisão.
Por vários motivos, retenho a seguinte passagem: “(…) com efeito não se nasce homem, (…) não se nasce mulher; (…) é necessário forjar o homem, trabalhá-lo. On devient homme et on devient femme… On devient femme como?” (p. 56).
Uma leve leitura de Verão!
Duas excelentes propostas
Caso ainda estejam em cartaz, o Tretas aconselha que vejam os filmes O meu irmão é filho único e Eu servi o rei de Inglaterra.
Estilos muito diversos, mas mantendo em comum a originalidade das histórias, a boa realização e o humor acutilante, em especial em O meu irmão é filho único, um retrato muito interessante de uma Itália pós-fascista em que se cruzam as vidas de dois irmãos tão diferentes que parecem iguais, disputando um amor que resiste a ideologias, estas, tão a propósito nos nossos dias, desconchavadas e erigidas em nonsense.
Eu servi o rei de Inglaterra impressiona pela esquizofrenia dos assuntos, pelo sarcasmo com que a II Grande Guerra é encarada, entre lautas refeições servidas em restaurantes e hotéis de luxo, entre oportunidades únicas de negócio e sempre com algum erotismo à mistura. Uma produção checa impressiva e desconcertante.
Dicionário explicado
Parabéns à luísa n e ao valter rego!
“Pimpimeira” significa coisa sem sentido, sem gosto, pirosa, sendo palavra de uso muito revente no excelso Reino do Forno e tendo a sua origem na pessoa de Pimpinha (ou será Pipinha?), filha de uma conhecida “socialite” nacional, por via da sua enorme falta de gosto.
“Aquele é um Neves”, como argutamente intuiu o Senhor Dom Valter Rego, significa “aquele é um homem traído, um homem vítima de adultério”. Como de modo óbvio se percebe, terá sido um tal Neves que, no séc. XII, era useiro e vezeiro em ter a cabeça pesada, à custa de Ludovina, moça roliça e de boas carnes que, em moitas, veredas ou fontes, era dada à emancipação da carne… Vai daí, a expressão pegou e nenhuma família no Reino usa hoje tal apelido.
Como é hábito, os felizes contemplados são dignos de graça e de adoração, mandando o Senhor Marquis que o dia de hoje seja proclamado “urbi et orbe” como o dia da “Pimpineve”, em homenagem aos dois distintíssimos amigos deste vetusto monarca.
Em relação ao cargo de Ministra dos Assuntos Culturais, mando o Senhor Marquis que seja nomeada a Senhora Dona Thumbelina, a quem incumbirá, doravante, a responsabilidade deste espaço de protecção e divulgação da língua fornense.