Lavagante, Encontro Desabitado, de José Cardoso Pires, corresponde a um conto que o Autor escreveu e que soa agora, anos após a sua morte, vê a luz do dia.
Escrito sob a divisa napoleónica “É necessário cometer algumas imprudências, mas convém que sejam devidamente calculadas”, trata-se de uma pequena novela passada na Lisboa salazarista, em que um amor proibido entre um alto quadro e uma jovem universitária acaba da maneira mais realista que podíamos imaginar. A comparação com o lavagante, o qual vai alimentando o safio que se mantém em pequenas grutas até atingir dimensões tais que o impedem de sair, altura em que o lavagante mata e se alimenta da sua iguaria tão diligentemente tratada, é uma constante. Tal como o animal, também algumas pessoas vão alimentando relações até que o outro não se conseguir libertar de algo que deixa de ser positivo e passa a ser uma prisão.
Por vários motivos, retenho a seguinte passagem: “(…) com efeito não se nasce homem, (…) não se nasce mulher; (…) é necessário forjar o homem, trabalhá-lo. On devient homme et on devient femme… On devient femme como?” (p. 56).
Uma leve leitura de Verão!
1 comentário:
"On devient homme et on devient femme… On devient femme"
Isto é Marcuse -- marxismo cultural -- sem tirar nem pôr; a ilusão de que os géneros não existem, e que são artificialmente construídos.
Comecei a ler o livro e não o acabei.
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