domingo, junho 01, 2008

Coeurs (Corações)


Coeurs (2006)
Realização: Alain Resnais
Argumento: Jean-Michel Ribes
Elenco: Sabine Azéma, Isabelle Carré, Laura Morante, Pierre Arditi, André Dussollier,
Lambert Wilson.

Neva sem cessar em Paris. Os corações estão aparentemente frios, à espera de algo ou de alguém que os aqueça, nem que seja à custa de um copo de whisky ou de uma reprimida explosão sexual. Por Coeurs (Corações) desfilam as histórias de um agente imobiliário na casa dos 50, 60, conformado a viver com uma irmã bastante mais nova que procura (o Amor?) em encontros fortuitos obtidos com recurso a anúncios de jornal e em que uma flor vermelha serve de identificação em blind dates. Este agente imobiliário acalenta um desejo por uma colega de trabalho, figura central na trama, aparentemente fervorosa católica que trata, depois do emprego, de um velho doente. Mas esta personagem é demasiado rica para se sentar num escritório. A sua cabeça e o seu corpo passam pelo abismo do desejo, da perversão sexual, dos jogos de sedução por vezes doentios, sempre em busca de uma redenção pelos desejos que a impelem a ter uma vida amorosa que os recalcamentos teimam em negar-lhe.

Assiste-se ainda a um ex-militar em busca de um rumo de vida que, à medida que a história vai avançando, se revela uma procura da passagem da adolescência à idade adulta, à volta de bebidas num bar de hotel perante um empregado desgostoso com a vida mas, ao mesmo tempo, com vontade de que o Amor triunfe.

A solidão das grandes cidades, a eterna procura de uma perfeição relacional que não existe, a repressão do desejo, a mania tão humana de negar que o animalesco faz parte da natureza humana… Tópicos para uma introspecção que recomendo!


1 comentário:

rtp disse...

Gostei do filme.
O plano da neve a cair funciona como um separador de cenas interessante.
A mensagem é interessante. A(s) história(s)reproduz(em) certas caracterídsitcas da modernidade e da vida nos nossos dias. O filme tem um ritmo adequado. Está bem filmado. Adoro ouvir as personagens a falar em francês.
Mas falta um "je ne sais quoi"!