terça-feira, novembro 06, 2007

Eternamente Sophia


Se fosse viva faria hoje anos. Quantos, não interessa.

Interessa sim saborear a completa e complexa obra que nos legou, desde a literatura dita “infantil” (que tantos “adultos” deviam ter à cabeceira), até à Poesia elevada a um expoente de perfeição.

Parabéns, Sophia, no Céu dos Poetas em que te encontras! E contempla esta Pátria tão afastada do que cantaste…

Pátria


Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exatidão
Dum longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento

E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

— Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro

Eu minha vida daria
E vivo neste tormento

Sophia de Mello Breyner Andresen

3 comentários:

Felisberto disse...

Que voe com a gaivota que lhe orientava o sonho de viver...

Mistral disse...

"As minhas mãos mantêm as estrelas
Seguro a minha alma para que se não quebre
A melodia que vai de flor em flor,
Arranco o mar do mar e ponho-o em mim
E o bater do meu coração sustenta o ritmo das coisas."

sophia

Claudia Sousa Dias disse...

Sophia é sempre Sophia.

beijos e saudades.


CSD