A propósito do seu mais recente livro: A Felicidade Paradoxal. Ensaio sobre a Sociedade do Hiperconsumo, Ed.
As suas reflexões são muito intensas e não nos podem deixar indiferentes, ante a expansão do Homo consumericus.
Aqui ficam alguns excertos que seleccionei:
O bem, o mal, o amor, a generosidade, a solidariedade, não são bens de mercado. (…)
O consumidor actual não consome apenas bens e objectos, consome também cidadania, solidariedade, ética, ecologia (…) Todas as grandes instituições sociais são colonizadas pelo consumismo. (…) O voto estratégico do consumidor político tende a substituir o voto de classe à maneira antiga. (…)
É o fim da moda imperativa. (…) Hoje há muitas modas, há uma moda plural. (…)
Hoje, o drama é que até os pobres são hiperconsumidores, não querem apenas comer, querem mais, querem marcas, aspiram a essa existência, que vêem na publicidade, nos centros comerciais, na televisão. (…)
As pessoas duvidam de si próprias e procuram segurança nas marcas de luxo que no fundo as valorizam, não só aos olhos dos outros como aos seus próprios olhos. (…)
A realidade permite-nos constatar que vivemos na civilização da felicidade (…) A par disso aumentam as depressões, o stress, a ansiedade (…) Temos acesso a muito mais coisas, mas isso não corresponde a mais felicidade. A felicidade paradoxal é essa tensão (…)
Não temos grande poder sobre a felicidade, esta não depende de nós. (…) Não somos nós que a controlamos, é ela que nos controla a nós. (…) Não há solução para a alegria de viver, é um mistério. (…)
O mal-estar do indivíduo prende-se, na minha opinião, muito mais com o seu cada vez maior isolamento. (…)
A nossa sociedade fabrica o caos. (…)
2 comentários:
Devo dizer que hoje ao ler a entrevista pensei em postar algo sobre a entrevista, com a tónica essencial no homo consumericus, destacando algumas frases, nomeadamente a que já aqui foi citada sobre a colonização das várias instituições...
Parece que não foi a única a pensar isso ;)
Também eu gostei muito de ler essa entrevista e ver como o autor da "Era do vazio" volta a traduzir com acerto e precisão as notas preponderantes da época em que vivemos.
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