segunda-feira, julho 23, 2007

Devaneio

Sinto-me Português. Ao contrário de Saramago, apesar de gostar muito de Espanha, não me agrada a ideia de um dos mais antigos Países com fronteiras definidas perder a sua identidade. É certo que as fronteiras já não existem e a soberania já não é um conceito com a densidade de Jean Bodin. Contudo, ser Português ainda é algo. A guitarra de Paredes que se calou há três anos não significa, para mim, um qualquer murmúrio, mas um momento de reflexão e de repouso numa época do ano em que as "baterias" vão falhando e em que necessitamos de descansar. Mesmo que se não saiba muito bem de quê. Mesmo que seja só para não ter horas, ou melhor, para as aproveitar de diverso modo.
Os "verdes anos" são, ao fim e ao cabo, todos aqueles que nos toca viver, independentemente da idade. Ela é somente um número num documento oficial. Todos conhecemos jovens velhos e velhos jovens. Creio mesmo que oscilamos todos, quantas vezes, e mesmo em um único dia, entre um e outro modelo. É, por certo, penhor de sanidade mental: saber brincar como as crianças e saber ser sério como os adultos (simplifiquemos assim os modelos).
Hoje apetece mais ser criança e esconder o globo terrestre com o balde da praia. Pode ser do Noddy ou do Bob, o Construtor. Qualquer um deles serve! Logo que seja a brincar...

6 comentários:

P disse...

Tem razão, caro amigo Filipe.
O seu texto evocou-me o clip dos Sigur Rós, Hopipolla

"Todos conhecemos jovens velhos e velhos jovens. Creio mesmo que oscilamos todos, quantas vezes, e mesmo em um único dia, entre um e outro modelo. É, por certo, penhor de sanidade mental: saber brincar como as crianças e saber ser sério como os adultos (simplifiquemos assim os modelos)."

ÀS vezes crescemos e perdemos a magia, outraas vezes parece que já nascemos assim...
Grande Abraço
P.

P disse...

Já agora, fica o link
http://www.youtube.com/watch?v=WkP_NaMsrMM
Desculpem o 'monopólio'

maria disse...

Adorei ler o seu Post.
Há pouco tempo uma amiga-airam- lançou um desafio, que era para ser lançado no Blogue, e por inércia lusitana , ainda não o foi.
" O que é ser português?" na sua dimensão total.
Temos ou não uma identidade?
"somos"? e como é que cada um de nós sente " ser português"?

Quanto ao segundo tema: "jovens velhos e velhos jovens" :) dá para uma conversa longa,longa, de volta de um bom queijito e de um bom vinho tinto (:)tudo bem portugues...

Fica o desafio: que tal juntar "uns velhos jovens" e "uns jovens velhos" mais "uns jovens" e "uns velhos" e ,mais um queijito e um tintito e uns sumitos ( para os abstémios) e fazer uma tertúlia?

Amândio Sereno disse...

"Português e vivo/ é diminutivo./Só fazemos bem/ Torres de Belém" Carlos Queirós (não o treinador)

x disse...

esta música faz-me sentir algo, diferente de tudo.

Anónimo disse...

Não é fácil num tempo em que tudo, ou quase tudo, é glogal, manter-se a identidade nacional e vai sendo também cada vez mais dificil manter-se a própria identidade pessoal.. É preciso cada vez mais ser-se diferente para se ser igual a si próprio!
Por isso é que é importante ter-se um espírito jovem e, como tal, rebelde, genuino, único..
Não ter medo de olhar para o globo que ás vezes temos vontade de esconder com o balde da praia mas, usar esse balde para construir os nossos próprios castelos!
Belo texto e, que bela música!