
Faço esta introdução apenas para que se perceba o estado de espírito com que ontem me dirigi à Casa da Música para assistir ao Concerto dos Acoustic Africa. Com muita vontade de ouvir novos sons. Sem qualquer juízo pré-construído. É certo que o

Do grupo, nascido do e para o álbum "Acoustic Africa", destacavam-se três dos seus elementos: o veterano Vusi Mahlasela da África do Sul, o guitarrista virtuoso Habib Koilé do Mali e a jovem Dobet Gnahoré da Costa do Marfim. A eles juntavam-se outros sete músicos e muitos e desconhecidos instrumentos. Em conjunto ofereceram-nos sons belíssimos. Num espectáculo que se afirmava acústico, tudo se mostrou genuíno, honesto, sem artifícios.
As vozes quentes e profundas sobressaíam da envolvência musical, e encheram-me a alma. Sobretudo a voz s

Mahlasela, o anafado e simpático músico, protagonizou vários dos momentos mais tocantes e divertidos da noite. Surpreendeu-nos quando surgiu em palco com uma cadeira, companheira de uma dança vibrante com que nos brindou. A dança foi, aliás, uma das rainhas na noite de ontem. Dobet Gnahoré requebrou-se admiravelmente ao ritmo frenético de muitas músicas. O grupo todo dançou. E o público foi dançando. Primeiro, nas suas cadeiras envergonhadamente. Finalmente, (infelizmente, muito no final), venceu (vencemos?!) as amarras da vergonha que o prendia às cadeiras e juntou-se num movimento geral de alegria.
E com esta extraordinária joie de vivre não deixaram de transmitir mensagens muito sérias. Um lamento –Dobet Gnahoré desabafou: "I`m tired of politics. I`m tired of politics in my country". Um aviso – "Democracy is a fragile thing", lembrou Mahlasela, ou Pretoria como lhe chamavam amistosamente os companheiros. Uma homenagem – às mulheres, às mulheres africanas, às mulheres africanas sofredoras. E uma ode ao amor, ao amor puro, aquele que não se olvida mesmo quando a vida impõe uma separação, como explicou Habib Koité (em inglês, pois não sabia falar "portuguesô").
Guardo ainda na memória a voz visceral de Mahlasela: "Sing Africa. Sing it loud Africa".
And it sang. And they sang. E nós dançámos. Ontem, de facto, houve música na casa. And outside, and outside, and outside...
8 comentários:
Realmente foi um concerto memorável! Guardo na memória a alegria contagiante que fez dançar a sala Suggia de uma Casa da Música mais habituada a outras sonoridades. Ressalto o espírito de comunhão que durante aqueles minutos se sentiu, entre desconhecidos da cidade, que assim prestaram a mais bela homenagem a África: com a solidariedade de todos e a não ingerência de alguns países, África é um continente viável e que não está condenado ao sofrimento. Tal como nenhum de nós está condenado à tristeza.
Infelizmente não pude ir, tive que me deitar cedo porque hoje de manhã tinha que ir cavar umas batatas.
É verdade. Como já disse - digo muitas vezes! - que adorei o concerto do Nitin Sawhney há dois anos na Casa da Música. E adorei, não só por ser uma fã incondicional do "artista", mas também e sobretudo pela experiência inolvidável de arrebatamento que é estar na belíssima sala principal da Casa da Música com os espectadores todos a dançar. Julguei-a uma experiência irrepetível. Mais, felizmente, repetiu-se.
Caro anónimo(?), julguei-o a assistir à Carmen! ;-)
Cara RTP, desta vez enganou-se!
O anónimo que foi cavar batatas não é o mesmo que deveria ter ido à Carmem, mas que não foi :-(
Ok, caro anónimo que não foi cavar batatas e que, apesar de dever ter ido assistir à Carmen, também não foi! ;-)
Eu estive a assistir ao concerto do Don Sterlig no CCB. Inolvidável! Deviam ter vindo! No regresso. Fui até Cascais fora de mim! E a baterista era linda de morrer. Penso que é a Grace Forter.
E o público foi dançando? Não resiste a um pézinho de dança pois não, RTP? ;))
Pois, pois, joaninha. Já não se pode fazer referência à dança em dois posts seguidos... ;-))
Enviar um comentário