The Awakening Conscience, William Holman Hunt, 1853, Tate Collection, Londres
"De entre os dias da minha vida, este foi mais um. Um dia mais. Será acaso pouco vinte e quatro horas de uma existência estimada em poucas décadas? Dar-nos-emos conta dos segundos tão mal aproveitados e dos minutos desesperados por completar uma hora?
No rosto translúcido do fantasma que de tarde me observou, pude verificar as rugas do tempo. Afinal, atirei-lhe eu, tu não és um ser intemporal! De olhos quase cerrados como se contivesse uma fúria repentina, vociferou-me, Acaso acreditas tanto no tempo como em fantasmas? Olha que eu ainda tenho alguma materialidade. Não são vocês que dizem que o tempo escorre pelos dedos das mãos?
Nunca pensara nisso. Na verdade, nunca pensara em tanta coisa. Amanhã terei tempo para isso e ainda mais tempo para me lamentar pelo tempo que passou."
Antero Caetano do Vale, O meu livro imaginário, Impressão Editores, 2006, p. 45.
1 comentário:
Ah, o tempo ... há que aproveitá-lo!
Gostei muito do excerto. Não conhecia nem a obra, nem o autor. Fiquei com vontade de conhecer mais!
"Será acaso pouco vinte e quatro horas de uma existência estimada em poucas décadas? " Filipelamas, no seu caso, já não são assim tão poucas, ... seu dinossauro ou dinossáurio! ;-)
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