quinta-feira, fevereiro 15, 2007

COOL-XEIA (de tretas musicais)

No dia de lançamento de “No Promises” de Carla Bruni, há um par de semanas, fui logo comprar o meu exemplar.
Apesar do título, demasiado claro, excessivamente honesto, estava plena de expectativas, depois do anterior “Quelqu`un m`a dit” que tanto e tão agradavelmente me surpreendera.
A primeira reacção foi de decepção. As expectativas criadas ab intrinseco (mea culpa!) foram completamente goradas, à primeira audição. Não correspondia ao que esperava. Nem sei o que esperava. Achei-o demasiado monótono, muito incaracterístico. Ou demasiado característico, já que todas as canções me pareciam iguais. Faltava a panóplia de registos – ora uma balada, ora uma canção mais batida, ... – que o primeiro oferecia. Atrevo-me a dizer que faltava a mais intimista língua francesa, substituída por um mais trivial inglês, ainda que eivado de arcaísmos.
Apesar da desilusão inicial, de então para cá tenho ouvido o disco um sem número de vezes e sempre com agrado acrescido.
A voz rouca, ora lentamente arrastada (o sussurro quase se perde tornando-se inaudível, a espaços), ora aceleradamente fugidia, sempre ondulante, exerce uma força de atracção a que é difícil escapar.
Ouvido num volume (moderadamente) mais elevado, distingui nuances que me tinham escapado. E comecei a prestar atenção às letras. Carla Bruni canta (declama?) belos poemas de autores da Segunda metade do séc. XIX e do primeiro do séc. XX: das americanas Emily Dickinson e Dorothy Parker, do irlandês William Butler Yeats, do inglês Walter de la Mare, do britânico Wystan Hugh e da inglesa Cristina Georgina Rossetti.
Afinal, as boas expectativas ... arriscam-se a ser cumpridas.

14 comentários:

Miminho do bebé disse...

Pasei e adorei o blog!
bejs

filipelamas disse...

Vale a pena ter expectativas e insistir naquilo que, à primeira vista, nos parece menos conseguido!

Nilson Barcelli disse...

Não ouvi ainda, mas acredito em ti...
Bom fim-de-semana.
Abraço

PS: finalmente, linkei-te

rtp disse...

Miminho do bébé, em nome do T&L, agradeço a visita.
Nilson, isso é o que se chama fé! ;-) Obrigada, também. Bom fim-de-semana.
filipelamas, parece um bom mote!

Anónimo disse...

Aqui cheguei seguindo a tua indicação depois de um Bach magnifico. Curioso como ela era desconhecido para os seus e hoje tem pequenos nadas que são tanto. Só tempo permite medir a importância das obras.Por vezes o ruído oculta o essencial, Este teu/vosso blog foi uma feliz surpresa. O teu lado menos sisudo é bem mais interessante. Fica-te bem.
Bj e que tudo vos corra bem.
Paulo Duarte

rtp disse...

Obrigada pela visita e pelas palavras, Paulo.
Aparece!
E quanto à distância do tempo, tens razão, muitas vezes é ela que nos permite apreciar devidamente uma obra!

Luis Eme disse...

Já ouvi... é especial, pelo menos para quem gosta da poesia da vida.

Anónimo disse...

Bom dia,
Aconteceu-me a mesma coisa ao princípio uma certa decepção e aos poucos com insistência no ouvir a agradável surpresa de um belo CD com poesias muito boas e muito bem tratadas,
Obrigado pela apresentação...e constacto tb que este cainho está entregue a pessoas de muito bom gosto ...Obrigado RTP

Claudia Sousa Dias disse...

Ainda Bem!

Admiro a bela Carla pela capacidade de transformação e adaptação de que é capaz no que toca à gestão da sua vida profissional.

Uma jovem dque detém uma multiplicidade de talentos.

Para além de uma cultura fabulosa.

Bjos

CSD

Jorge Oppenheim disse...

Excelente álbum!

rtp disse...

Concordo, luis eme! Vale sobretudo pela poesia! A da vida é muito bela! Eu sou uma apreciadora! Pena é que às vezes ela parece esconder-se de repente, como o sol no horizonte!
Azulebranco, então, estamos de acordo! E obrigada pelas simpáticas palavras! (desta vez não me confundiste com o outro treteiro! ;-))
É verdade Cláudia Sousa Dias! Também eu sou apreciadora da Carla Bruni, por conseguir brilhar em tantos domínios e sem se perder nos meandros artificiais da moda!
Obrigada pela visita, Jorge!

Gabriel Villa disse...

Eu tenho o ... ma dit. Já acho muito bom... Lembra um pouco uma época diferente da minha vida, menos feliz. Talvez por isso tenha ficado meio esquecido na gaveta...
Vou procurar esse novo, quem sabe me anima mais.

Anónimo disse...

tem uma voz doce.uma doçura diferente tantas vezes procurada... para adoçar um domingo cinzento ou as caretas do trânsito, pela manhã. este album tem um pouco mais de 'limão' do que o «quelq'un m'a dit», mas dá uma boa limonada, daquelas que sabem bem, na varanda, com os grilos a cantar.
parabéns pelas tuas palavras.

rtp disse...

Obrigada, X.
E eu agradeço as tuas palavras. A referência ao limão que se sente mais neste cd traduz bem o travo amargo - mas não desagradável - com que se fica ao ouvi-lo!