sábado, novembro 18, 2006

Luz


Albano Afonso, Fazendo estrelas - Noite Estrelada após van Gogh.

O amador sabe-te com ele
E ele contigo
Numa comunhão não calendarizável.
Cingi-la contra a ombreira do Ser,
Aspergi-la de emoções,
Erguê-la ao infinito de uma palavra cálida
E aí permanecer,
Imóvel,
Em emaranhados braços que o ocultam.
Luz do seu ser,
Ponto nevrálgico de um centro que comanda
A linha férrea sem freio,
Mandante de um mandado
De cumprimento inelutável.
Aninha-te nele, sonho radioso.
Permanece nele, ó Dante odioso!

F.L.

2 comentários:

GBN disse...

Caro F.L., entendo que o momento em que se perfecciona a palavra escrita é aquele em que autor e leitor se encontram. A propósito deste e de um outro post seu "Escrita", a solidão processual do escritor acaba onde começa a compreensão do leitor. Sem estes dois actores o confronto não se verifica e a palavra queda-se na obscuridade. Destarte, pode então concluir-se que, se a palavra se encerra na escuridão, significa que o confronto ficou por acontecer. E então a palavra subsiste inaudita. Assim, e deste lado caro F.L., as suas palavras podem contar com um leitor atento, de olhos em riste numa espera sôfrega de novos confrontos.

Anónimo disse...

Palavras que como habitualmente se juntam, com um bom gosto notável.....Só que as palavras não permanecem imóveis e os sentidos também não.....Grande Abraço e até breve