sexta-feira, novembro 24, 2006

Brasas

Brasas quentes ardendo
Na lareira a que o velho se senta,
Deixando as horas passar
Em vagar ronronante
De vida madura.
A geada soprada da serra
De branco o casario vestindo
D’alvura que ostenta.
A velha sozinha a dobar
De pele enrugada reinante.
Não há lugar para a amargura
No dia que Prometeu carrega,
Porque é mais pesada a brancura
De vida honrada qu’enleva.

Brasas no céu ardendo,
Gelo na terra tremendo!

F.L.

3 comentários:

Anónimo disse...

boa noite novamente...enveredaste mesmo pelo realismo....denota-se uma grande intuição para falares no sentir das gentes que te estão próximas....mais um belissimo poema

rocky disse...

Apreciei muito este poema tão telúrico. Mesmo não sendo transmontano, conseguiste tarzer das tuas incursões para lá do Marão o sentir pedregoso dessas gentes!

Anónimo disse...

Um retrato delicioso, que ostenta um vez mais, a melhor escolha das cores nas palavras...
Muito bonito, gostei muito.