Tenho pressa de chegar.
Onde? Não sei.
Acordei com pressa,
Depois de sono apressado em
Noite apressada e turbulenta.
Corro, corro.
Em busca de quê? De pequenos nadas.
Para quê? Colecciono-os.
Guardo-os numa caixa de cetim
Debaixo do leito de ilusões
Em que repouso.
Não é hora de repousar!
Corre! Foge!
Com tanta pressa
Esqueço-me da razão que me faz correr.
Porventura não existe.
Mas enquanto corro não penso.
E pensar faz sofrer.
F.L.
14 comentários:
Só as palavras interessam, costumo dizer. E é de instantes, de fotografias verbais que a memória se alimenta e cresce até tudo deixar de fazer sentido. É nas palavras que se vive, se morre e se renasce sempre. Nada mais faz sentido.
Simplesmente genial! Gostei MUITO!
Um dia veremos que a pressa não é apenas inimiga do óptimo, é inimiga de tudo. Um dia, veremos que nem a terra nem o sol giram mais depressa só porque estamos desesperados para que o tempo passe e temos pressa de morrer, como se viver não bastasse e o tempo não tivesse a medida certa para a vida.
pauvre de toi! hihi
Baudolino tem razão, apesar da ironia de perception. Andamos sempre sem tempo porque não o fazemos nosso aliado. Já agora, parabe´ns a todos pelos vossos bolgs, em especial o de perception e o de F Lamas. Baudolino precisa trabalho mas faz-se. Há sinceridade por lá.
A imagem do Porto é lindíssima, embora eu seja um ser das planuras, fiquei com vontade de voar sobre aquela neblina...
Temos sempre pressa. Muita. Porque "o tempo corre como um cavalo sem freios", disse alguém um dia. Teremos tempo para o repouso daqui a muitos anos...
A pressa deixou-me de perseguir quando um dia me levou a lado nenhum!
Boa Noite Filipe,
A pressa da busca pelo TUDO persegue-nos ...engana-nos na ilusão da procura...cada vez que chegamos encontramos o NADA...
Temos que parar de inventar a falta de tempo....
Um sorriso sem pressa...
:), Miau
Boa noite Filipe, mais um lindo poema, mais uma meditação pertinente e bastante inteliente,....O que nos faz correr, o tempo que passa e não volta.... a nossa correria..... Mais uma vez obrigado pela partilha desta forma de arte linda que dia após dia vais criando.
Um abraço
Ó meus senhores... tss, tss... eu destoo de vocemecês... parece-me denotar aqui alguma idolatria pelo homem. Ao ler o poema lembrei-me de "Balbúrdia no Oeste": um conjunto de ideias comuns atiradas para ali e o resto do pessoal a aclamar. O Rei não irá nú desta vez? (estava à espera de melhor)
Curiosamente, este foi um dos poemas de filipelamas que mais me encantou.
Se soubesse fazer poesia, gostva de ter escrito este poema (aliás, como outros do mesmo autor). Senti cada palavra.
Idolatria pelo homem? Da minha parte, talvez. Mas completamente merecida...
A crítica só nos enobrece. Quanto a idolatria, nenhum de nós precisa dela. Os ídolos foram um programa de tv, penso eu...
Parece-me que filipelamas está a atravessar a sua fase niilista. O que, por si só, não é condenável: todos temos a ela direito! Aliás, do cruzamento entre o tudo e o nada há-de resultar, creio eu, uma síntese que preencherá a vida do poeta. Estou certa de que a travessia do deserto não resultará apenas em miragens, mas também em oásis!
Oxalá!
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