Da acção ficcional de Fortaleza Digital, passei à realidade jornalística de "À Procura de Sana", última obra de Richard Zimler, autor que muito aprecio. Conheci-o através da história da família judia Zarco numa Lisboa quinhentista que assiste ao início da perseguição dos judeus na sequência do édito de D. Manuel I, em "O último cabalista de Lisboa". Acompanhei-o a ele e aos descendentes daquela família num Porto liberal de oitocentos, e numa América no dealbar da sua história independente e ainda dominada pela escravatura, em "Meia-noite ou O princípio do mundo". Reencontrei-o em "Goa ou o Guardião da Aurora" sobre o domínio português por terras do Oriente. Tudo romances históricos com uma forte vertente policial em que o suspense é um dos principais ingredientes.
Agora o registo é diferente. "Á procura de Sana" é um relato jornalístico empolgante de acontecimentos vividos pelo autor. Por isso, ele é o narrador e a história é escrita na primeira pessoa.
Tudo começa na Austrália, a 9 de Fevereiro de 2000, onde Richard Zimler se deslocara para participar num encontro de escritores, em Perth. No hotel onde se instala conhece uma mulher cativante, bailarina de profissão, que lhe pede que autografe um exemplar de "O último cabalista de Lisboa", livro que, nas suas palavras, muito a marcara. Satisfaz o pedido, dedicando-o a Helena, nome com que se apresentara.
No dia seguinte, a assim conhecida Helena põe fim à vida, atirando-se da janela do quarto que ocupava no hotel. O facto, de si trágico, assume uma coloração mais assombrosa, dado que Zimler se encontrava na esplanada a poucos metros do local onde o corpo aterra sem vida.
Um ano mais tarde, numa livraria parisiense onde apresentava um novo livro, o episódio que ainda não digerira inteiramente é reanimado, quando, inesperadamente, se apercebe que uma mulher que dele se abeira tem a versão assinada em Perth. Mais assombrado fica quando se apercebe que esta, sim, era a verdadeira Helena. Sabe, então, que o fugaz contacto na Austrália se dera com Sana.
A partir daqui (e nesta parte consomem-se apenas 17 páginas), o livro conta a investigação que o autor/jornalista empreendeu para conhecer a história de Sana. Esta busca leva-o à Haifa dos anos 50, em que árabes e judeus viviam em paz lado a lado, às posteriores alterações produzidas naquele canto do mundo e aos mais recentes episódios do conflito israelo-árabe. Condu-lo, por fim, a conhecer pormenores arrepiantes da preparação dos atentados de 11 de Setembro e de que deu o devido conhecimento às entidades policiais competentes.
Curioso é que tenha eu lido o livro, em Agosto, numa altura em que o conflito entre Israel e o Líbano estava incandescente e que sobre ele escreva neste dia (era o tema que tinha escolhido para o post seguinte sem me aperceber do significado do dia de hoje). Sem pretender desvendar muito, quero dizer que a foto não retrata as torres gémeas de Nova Iorque, mas duas torres em Bolonha: a Torre degli Asinelli (a mais alta) e a Torre Garisenda, símbolos daquela cidade italiana. E a contemplação dessas torres muito teve a ver com o fatídico acontecimento vivido em Manhattan. E mais não digo... a leitura entusiasmante do livro revelará o resto.
Agora o registo é diferente. "Á procura de Sana" é um relato jornalístico empolgante de acontecimentos vividos pelo autor. Por isso, ele é o narrador e a história é escrita na primeira pessoa.
Tudo começa na Austrália, a 9 de Fevereiro de 2000, onde Richard Zimler se deslocara para participar num encontro de escritores, em Perth. No hotel onde se instala conhece uma mulher cativante, bailarina de profissão, que lhe pede que autografe um exemplar de "O último cabalista de Lisboa", livro que, nas suas palavras, muito a marcara. Satisfaz o pedido, dedicando-o a Helena, nome com que se apresentara.
No dia seguinte, a assim conhecida Helena põe fim à vida, atirando-se da janela do quarto que ocupava no hotel. O facto, de si trágico, assume uma coloração mais assombrosa, dado que Zimler se encontrava na esplanada a poucos metros do local onde o corpo aterra sem vida.
Um ano mais tarde, numa livraria parisiense onde apresentava um novo livro, o episódio que ainda não digerira inteiramente é reanimado, quando, inesperadamente, se apercebe que uma mulher que dele se abeira tem a versão assinada em Perth. Mais assombrado fica quando se apercebe que esta, sim, era a verdadeira Helena. Sabe, então, que o fugaz contacto na Austrália se dera com Sana.
A partir daqui (e nesta parte consomem-se apenas 17 páginas), o livro conta a investigação que o autor/jornalista empreendeu para conhecer a história de Sana. Esta busca leva-o à Haifa dos anos 50, em que árabes e judeus viviam em paz lado a lado, às posteriores alterações produzidas naquele canto do mundo e aos mais recentes episódios do conflito israelo-árabe. Condu-lo, por fim, a conhecer pormenores arrepiantes da preparação dos atentados de 11 de Setembro e de que deu o devido conhecimento às entidades policiais competentes.
Curioso é que tenha eu lido o livro, em Agosto, numa altura em que o conflito entre Israel e o Líbano estava incandescente e que sobre ele escreva neste dia (era o tema que tinha escolhido para o post seguinte sem me aperceber do significado do dia de hoje). Sem pretender desvendar muito, quero dizer que a foto não retrata as torres gémeas de Nova Iorque, mas duas torres em Bolonha: a Torre degli Asinelli (a mais alta) e a Torre Garisenda, símbolos daquela cidade italiana. E a contemplação dessas torres muito teve a ver com o fatídico acontecimento vivido em Manhattan. E mais não digo... a leitura entusiasmante do livro revelará o resto.
6 comentários:
Confesso que o tempo para a leitura não jurídica tem sido muito pouco. Estou, neste momento, a ler a "Conspiração". Não sei deva dizer "neste momento", já que o estou a ler, sem muita paciência, desde Abril... Mas gostei desse aperitivo que deixaste de "À Procura de Sana". Não queres fazer o resumo todo? :P
O resumo todo ... não posso, não devo! :-) Mas empresto-te o livro ... em Novembro!
E o que tem piada também é o facto de o livro parecer escrito neste momento, tendo em conta as vicissitudes israelo-libanesas.
Sim... também senti o mesmo.
Nunca li um livro do Zimler e estou a pensar seriamente nisso, acabando as leituras actuais. Este livro parece-me bastante interessante. Será indicado para um primeiro contacto com o autor, ou o T&L recomenda outro?
Penso que sim. É de leitura agradável e trata de questões muito actuais. Dos romances históricos destaco o "O último cabalista de Lisboa" pelo retrato vivo de uma das épocas mais negras da nossa história.
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