domingo, setembro 24, 2006

Curtas sobre Metragens


World Trade Center
EUA, 2006.
Realização: Oliver Stone.
Argumento: Andrea Berloff
Elenco: Nicolas Cage, Michael Peña, Maggie Gillenhall, Maria Bello.
Sítio oficial: www.wtcmovie.com


Cinco anos volvidos, é natural e desejável que o luto nunca completo do 11/9/2001 se transforme em momento de catarse. Mais ainda quando nenhum guionista de Hollywood alguma vez poderia imaginar enredo mais dramático e comovente do que aquele que a História real traria aos americanos e ao mundo.
É sob este pano de fundo e no campo tensional entre a vertente de documentário e a exaltação de valores pátrios que se insere a mais recente obra de Oliver Stone. Não sendo uma obra-prima, World Trade Center consegue, quase sempre, um equilíbrio entre os vectores assinalados.
Baseado na história de três sobreviventes e na sua luta pela vida debaixo dos escombros do que é hoje o Ground Zero, Jimeno (Michael Peña) e McLoughlin (Nicolas Cage) representam todos quantos naquela terça-feira deram o melhor de si pelos outros. O tom condenatório não transparece na maior parte do argumento, tirando uma sinistra personagem – marine que decide vir ajudar nas operações de salvamento – que encarna os EUA do nacionalismo bacoco e da explicação fácil de acontecimentos que, em abono da verdade, não têm justificação.
Fica-se tocado pelas imagens de Jimeno e McLoughlin a saírem das «sepulturas antecipadas» em que se encontravam, em interpretações medianas de Nicolas Cage e de Michael Peña.
Banda sonora com excelentes temas, realização atenta e profissional, porém sem rasgo e contida, porventura na medida em que Stone e Berloff acusaram a camisa-de-forças que os abraçava: um relato pungente e ideologicamente comprometido ou um mero documentário factual e, ao menos na aparência, imparcial e directo. Algures pelo meio ficou o World Trade Center.

3 comentários:

rtp disse...

Concordo com a tua apreciação. Julgo que é a obra possível, para num registo mainstream, retratar um facto tão marcante da história recente dos EUA. Não se queda no documentário (como o Voo 93) - as imagens reais transmitidas pelos vários canais de televisão à volta do mundo, pareceram-me, por isso, fora de tom. Também não acentua desmesuradamente a carga dramática (inevitável neste enredo)- o que já é um mérito. É até curioso que em momentos de grande intensidade de dor e angústia, os dialogos dos dois polícias soterrados consigam arrancar gargalhadas dos espectadores.

Anónimo disse...

Confesso que me fez confusão isso das gargalhadas, porque não consegui desprender-me do cenário total.

E a figura do "marine" estava um bocadinho...enfim....

Gabriel Villa disse...

Eu acho que será mais um dramalhão americano. Não faço questão de ver...