quarta-feira, julho 05, 2006

Pedaços de chuva



Chuva miúda acomoda o céu em pedaços de tristeza
Que combinam em harmonia pungente com o que sinto.
Sinto… Que sentimento pleno é sentir!
Mesmo que doa, é preferível a não sentir.
Mesmo que a luz que devia brilhar nos olhos
Por estarmos vivos e por termos obrigação de ser felizes,
Seja apagada pela certeza de um amor
Que não se pode dançar
Por falta de par.
De um amor em potência,
De uma potência de amor
Que, por sê-lo,
Apenas do amador é conhecido.
Amador porque não profissional
Do Amor.
Porque embora supostamente tendo nascido
Provido de todas as qualidades inatas ao homem,
Teima em fechar o coração,
Em tolher o passo do sentimento.
Porque incapaz de amar.
Porque incapaz de sofrer.
Esquece, o desditoso, que amar e sofrer
São verbos que se conjugam de modo reflexo:
Um no outro; um com o outro.
Pobre dele que ainda não percebeu nada
Do que realmente importa!

2 comentários:

Poesia Portuguesa disse...

Uma imagem fabulosa de René Magritte (não me enganei, pois não?)num poema que gostei muito sobre o amador de cousas...

Um abraço ;)

filipelamas disse...

Não há engano. É isso mesmo! Obrigado!