sábado, julho 02, 2011

Peço-te uma cor



Wassily Kandinsky, Conjunto multicolor.

Dá-me um pouco de azul! Não te peço muito!

Apenas que me mires com o espelho do teu olhar.

Dá-me um tudo-nada de verde.

Sempre me interessei por entretecer cores misteriosas

com debruadas lantejoulas de vestidos em corpos subtis.

Dá-me um bocadinho de castanho! Do claro, acobreado.

Daquele matiz com que naturalmente o teu cabelo pintado foi.

Ouvi dizer que é a tonalidade mais sincera.

Uma cor pode ser sincera?

Ainda que os respectivos portadores nem sempre o sejam?

Dá-me algo de branco!

Da tua aura em geral.

Exalas tranquilidade

por cada poro delicado da tua pele de neve vestida.

Como anseio o branco… onde repousar após cada batalha

do acordar-deitar.

E… sim,

dá-me uma pincelada de negro,

apenas para o quadro real tornar.

Não que tenhamos de viver o e no negro, mas convém tê-lo ao pé.

Será como aqueles unguentos que perdem validade por falta de uso.

E lembrar-nos-á a felicidade que temos…

juntos!


F.L.

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