domingo, abril 25, 2010

Abril


Com ou sem cravo na lapela, comemorar Abril não pode continuar a ser uma sucessão de pseudo-moralismos históricos e de recadilhos inter-órgãos de soberania. Não pode ser uma esotérica evocação do passado sem perspectivar o futuro. Não deve ser um apelo ao divisionismo num país marcado pelo desemprego, pela dívida, pelo défice, pela desestruturação do aparelho produtivo nacional e pela perda do controlo de sectores estratégicos que garantem a manutenção de Portugal como Nação (haverá algum mal em usar um conceito de larga tradição sociológica, política e jurídica?).
Não deve ser um mero feriado que se lamenta ter calhado a um Domingo.
Deve ser um momento de reflexão e de alavancagem: se todos formos um pouco melhores e mais exigentes naquilo que fazemos, da periferia europeia faremos centralidade mundial.

2 comentários:

Anónimo disse...

Excelente análise! Parabéns. Grande abraço. RB

suricata disse...

Sou da geração que já nasceu "em liberdade", nunca experimentou a opressão de não poder falar do que me apetece, de berrar na rua, insultar os políticos e outras pessoas, de não ter direito de voto e todas essas coisas que o 25 de Abril tão bravamente trouxe. Mas, acho piada aos comentários do povo: "às vezes era preciso um Salazar para por o país em ordem", " isto é uma bandalheira, a canalha não respeita ninguém, fazem o que querem e acham que têm todo o direito às coisas", "não há respeito", "não há dinheiro", "não há trabalho", "dantes é que era". Creio que as promessas de Abril foram sacrificadas em nome de um progresso que muitas vezes nos faz andar para trás, principalmente a nível da tão simples humanidade.