já não há poemas
apenas palavras
desalinhadas fora de ordem imprecisas sujas
o poeta desalentou
o sangue do seu ofício já não corre
é simplesmente uma matéria
vermelha e coalhada
as palavras cortantes desenfreadas oxigenadas de vida
partiram para parte incerta
nesse estado de ausência pré-morte presumida
o poeta resiste e das sílabas faz sons
que balbucia a despropositadas horas
segundos minutos horas
palavras apenas de uma outra
que dizem ser «dia»
já não há poemas
apenas palavras
descarnadas pungentes e definitivas
FL
6 comentários:
Saúdo este regresso! :-)
Estava a ver que, tal como a Rocky, também o Filipelamas desaparecera do T&L! ;-)
E que regresso...
Excelente!
abraço
Bom dia,
Há já muito tempo que não passava por aqui, pelos vistos em boa hora passei....Muito mas mesmo muito Bom......Abraço
brilhante e diferente. *
O poeta não é poeta se não chegar a um leitor.
O leitor não é leitor se não tiver um poeta que faça magia com as palavras, com os sons.
A pontuação não é um fim em si mesmo, mas um mero caminho - o sentido, o significado das palavras "desalinhadas" está na alma de cada um. Na sensibilidade de quem interpreta...
"Adulterando" O poeta: quem escreve nunca sabe o que escreve
Nem sabe porque escreve, nem sabe o que é escrever... Porque, afinal, escrever é um modo de amar.
Pandora*
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