numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
La Recherche de l`auberge, Charles-François Daubigny, Dalhousie University Art Gallery, Halifax
4 comentários:
um feliz a Natal a toda a equipa e um beijinho a RTP
Desejo a todos um Natal muito feliz!
Muito obrigada, Claudia e Baudolino.
Que o vosso Natal seja, também, muito feliz!
Grande poema!
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