quarta-feira, dezembro 23, 2009

Natal e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira
La Recherche de l`auberge, Charles-François Daubigny, Dalhousie University Art Gallery, Halifax

4 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

um feliz a Natal a toda a equipa e um beijinho a RTP

P disse...

Desejo a todos um Natal muito feliz!

rtp disse...

Muito obrigada, Claudia e Baudolino.
Que o vosso Natal seja, também, muito feliz!

filipelamas disse...

Grande poema!